Saudade... um anseio único. Não é “lembrança”, “nostalgia” ou “pesar”... não, não, não! Filosoficamente falando é um contentamento que dói e uma dor que alegra, uma fome abstrata, um anseio por um bem imaterial, o tempo. O contentamento está em trazer à memória os momentos vividos; a dor consiste em se saber que tais estações são em si mesmas, irrecuperáveis.Saudade... a palavra mais difícil, na língua portuguesa, de ser traduzida para os demais idiomas. Quando essa tal saudade se aproxima não pede licença para a alma. Faz com que situações efêmeras, aparentemente insignificantes, passem a ter importância fundamental. Uma música, uma foto, aquela reunião fraterna, um momento com a família, o tempo na escola primária... tudo vai adquirindo, sem que percebamos, valor único para a nossa memória afetiva; quando toda essa carga de lembranças encontra um momento, uma circunstância, um ambiente propício, desemboca violentamente sobre a nossa afetividade. Bate a saudade. Surge a comoção. Vemos então quão tolos fomos quando no passado agimos movidos pelo orgulho, pela ambição, deixando de lado as coisas simples da vida... deparamo-nos com a perspectiva de que poderíamos ter feito mais, sorrido mais, compreendido mais, amado mais...
Saudade... também pode ser, em muitos ocasiões, um anseio pelo que é sublime, pelo que é espiritual. Saudade de Deus e de Sua Presença. Algo que nem todos entendem ou reconhecem, mas sentem, em algum momento da vida. Essa saudade também dói. Porém, diferentemente daquela que olha para o passado, essa é um chamado íntimo para algo maior, transcendente. Numa cultura onde todos pensam serem “espiritualizados”, onde o peso religioso mata muitas vezes a busca íntima pela experiência espiritual, é difícil alguém entender sobre o que estou falando. Mais digo: essa saudade pode ser saciada.
Precisamos buscar a Deus. Ele sempre se deixa achar.
Que Ele nos abençoe nessa busca!
Um forte abraço!
Cesário C. N. Pinto
Itapajé - Ce, 09 de Outubro de 2011.
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