segunda-feira, 31 de outubro de 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE LUTERO E A REFORMA PROTESTANTE DE 1517 (CAIO FABIO)

Quando vi o filme Lutero fiquei emocionado. O filme é de muito bom gosto. Retrata Lutero de modo suficientemente humano para que aquele que nada sabe de sua vida tenha uma boa idéia de quem ele foi. Além disso, esteticamente, a produção é refinada, com uma bela fotografia, com cenários ótimos, e com reconstituição bem realista dos fatos com devem ter sido no Século XVI. É verdade que seria impossível se produzir um filme mais profundo sobre a pessoa do Reformador, e que incluísse mais de seus conflitos, angústias, rupturas e decisões de santa profanidade, todas elas necessárias quando se trata de quebrar paradigmas da morte instalados diabolicamente “em nome de Deus”. Entretanto, o que foi descrito é mais que suficiente para que se veja como foi a Reforma, do que ela pretendia libertar os seres humanos, e, também, no que nós, Reformados e Evangélicos, nos tornamos no curso dos séculos, negando a Graça de Deus e a Palavra da Vida, e voltando às práticas fetichistas, canônicas, e legalistas das quais aquele evento histórico pretendia nos libertar. A ironia de toda a história é que a Reforma Protestante acabou por, de certa forma, salvar a Igreja Católica da força obscurantista que haveria de destruí-la, caso a Reforma não lhe tivesse servido de advertência histórica quanto ao fato de que há limites para o abuso humano feito em nome de Deus. De fato, hoje, a Igreja Católica é bem menos obscurantista que a Igreja Evangélica, isto é se não tomarmos em conta as poucas exceções Reformadas que não se deixaram levar pelo doutrinarismo elitista e jactante dos Protestantes, ou pelo ritualismo mecânico, ou pelo engessamento do próprio espírito da Reforma à letra da Reforma. Ora, como eu dizia, fora essas poucas exceções ainda remanescentes do que a Reforma propôs, todos os demais, tanto Protestantes Históricos quanto os Evangélicos Tradicionais ou Pentecostais, entregaram-se ao espírito Católico Medieval, e que Hoje se faz representar em sua forma mais desgraçadamente excelente por grupos como a Igreja Universal do Reino de Deus, a qual, sinceramente, é a maior corruptora contemporânea do que o Evangelho de Jesus propõe. Sim, quem vê o filme Lutero não deve pensar na Igreja Católica, que, em si mesma, sofre o seqüestro histórico que as suas próprias leis e cânones paralizantes e moralistas criaram para ela própria. Não, ao se ver Lutero, a fim de entender a sua mensagem contemporânea no nosso país e no mundo, tem-se que pensar no espírito pagão, sincretista, fetichista, e anti-graça ensinado de modo massivo pela IURD e assimilado por boa parte dos Evangélicos. Ora, quanto a isto, quero deixar claro que não digo nada pessoal contra ninguém—Deus o sabe! Todavia, seja qual for o preço a pagar pela declaração da verdade do Evangelho, digo a quem interessar que para mim já há muito não me é possível deixar de falar essas coisas, e, tanto mais quanto os dias se passam, mais claro fica para mim que esta é uma hora de grande decisão. Pelo amor de Deus! Quem tiver olhos, veja. Quem tiver ouvidos, ouça. E quem tiver coração e fé, seja bravo e corajoso, e rompa em sua própria vida todos esses grilhões do medo e da catividade que sobre nossos ombros foram postos por aqueles que da Reforma quiseram manter apenas a cisão com a Igreja Católica, vindo eles próprios a tornar-se algo muito pior e mais feio do que o que havia na Idade Média. Ora, é verdade que já não se pode matar com o descaramento daqueles dias. No entanto, o que se faz em nome de Deus é muito pior, visto que é absolutamente incompatível não só com a Palavra, mas com os tempos e suas luzes de esclarecimento. Hoje não se vende mais o céu, mas sim a Terra. As nossas indulgências já não têm a ver com a salvação, mas com a prosperidade terrena. Assim, não busque por relíquias sagradas entre nós, e nem busque por bulas papais, mas sim enxergue o sal grosso, as campanhas de prosperidade, as barganhas com Deus—e, sobretudo, veja como tudo era e continua a ser movido pela dinheiro e pelo poder. Não creio que precise dizer mais do que já disse; afinal este site (www.caiofabio.net) é em si mesmo uma declaração diária acerca da insuportabilidade dos estado de coisas diabólicas que dominaram a consciência da “igreja”. Sim, o que digo acerca da “igreja” é minha declaração contra a bruxaria que se faz em nome de Jesus, oprimindo o povo, criando dificuldades a fim de vender salvações. Sei que os tempos são os mesmos. Todavia, sei que mais do que nunca se precisa de uma Revolução Espiritual entre nós, sob pena de que vejamos a Nova Era e todas as filosofias orientais dominarem a Terra, e isto apenas porque o Cristianismo insiste em não se converter à Graça de Deus, pois, prefere o poder que alcançou na Terra do que os tesouros do Reino de Deus.


Veja Lutero e tente se enxergar.


Veja Lutero e tente discernir o nosso tempo.


Veja Lutero com olhos atuais, e você saberá do que estou falando.


Nele, que é o mesmo ontem, hoje e para sempre,


Caio Fabio D'Araujo Filho.


Um comentário:

Benneden disse...

Lutero, totalmente inconformado com o caos que assolava a igreja, com uma gritante degradação moral e completa falência espiritual, transitando a passos largos da carnalidade ao paganismo, ainda que aparentando falsa humildade, revestindo-se de uma macabra hipocrisia, enquanto regalava-se de ouro e de poder, manifestou seu pleno repúdio a essa deplorável condição eclesiástica com a Reforma Protestante.

Lutero resistiu, confrontou, denunciou e arriscou perder tudo. Foi julgado, excomungado, perseguido e discriminado pela maioria, mas prevaleceu com a Reforma, impedindo a completa ruína da igreja romana institucionalizada, redirecionando os verdadeiros discípulos de Cristo à Palavra de Deus.

Lamentavelmente, a igreja não prosseguiu em uma reforma constante e hoje, 494 anos depois, vivemos dias tenebrosos que assemelham-se à Era das Trevas, não pela ignorância das Escrituras Sagradas, mas pela indiferença e completa desobediência à simplicidade do Evangelho. A cada dia a igreja, desviada da Palavra, é fermentada com doutrinas estranhas, envolvida com escândalos e seduzida pelo o poder dos homens.

Quase todos os dias líderes e mais líderes denominacionais falam, falam da urgência de uma "nova reforma" e nenhuma mudança acontece. Por quê? Será porque estamos presos a um determinismo escatológico que culminará com uma inevitável apostasia ou porque ainda não surgiu um “Lutero” do Século XXI, que se levante com autoridade suficiente para despertar corações a uma verdadeira “Revolução Espiritual”, capaz de parar o curso catastrófico de uma igreja alienada, redirecionando os discípulos radicais à Palavra de Deus, ao Senhorio de Jesus Cristo e à vida no Espírito?