Deus é Soberano. Quem não compreende isso tende a vê-lo somente como seu mero provedor de graça ou como um simples foco de discussões teológicas acaloradas, que no fim nada produzem, nada edificam. O Senhor age, na verdade, das mais variadas formas, muitas vezes de formas não-convencionais, como nos relatos bíblicos da jumenta de Balaão, do vaso do oleiro em Jeremias e até em meio à tragédia pessoal de Davi, enfim, chamando o homem à consciência sobre a vida e seus aspectos. Outro dia, por exemplo, encontrei na internet a música Vento Norte, que ouvi pela primeira vez ainda na infância. Agora, porém, fui surpreendido pela força e forma com a qual a letra da canção me chamou a atenção.
A expressão “Vento Norte” tem originalmente vários significados, desde o científico-meteorológico seguindo pelo mitológico e até místico. A canção Vento Norte, que não é de temática religiosa, foi o primeiro sucesso do grupo pernambucano Karetas, muito conhecido no início da década de 1980, quando eu ainda nem pensava em nascer. O hit é considerado como a primeira obra do reggae brasileiro e tem, em sua composição, uma mensagem clara de denúncia social, algo próprio da nação reggueira. Entretanto, por trás daquela letra de apelo social, pude discernir outra mensagem, espiritual, profética e muito próxima dos acontecimentos que a igreja e a sociedade têm vivenciado, pelo menos no Brasil:
VENTO NORTE
(Grupo Karetas)
(Clique para ouvir)
O vento sacode levanta a poeira
Espalha o lixo e encrespa o mar
Começa a varrer a sujeira da terra
Atiçando o fogo para tudo queimar
Batendo com força castigando o sujo
Sujando a quem quer ser limpo demais
Soprando na orelha de quem sabe menos
Empurrando à frente a quem sabe mais
Vento Norte, professor,
Vento Norte, tradutor,
Justiceiro bendito, ensina a viver
Nesta terra carente de paz e amor!
Castiga a burrice e a surdez do mundo
Trazendo do norte um cheiro de paz
Sacode os cabelos da moça bonita
Que logo se agita ao som que ele faz
Chegando com a força do povo nortista
Que, aprende, criança, a sofrer e lutar
Varrendo com força a sujeira e a preguiça
O vento do norte chegou pra ensinar
Vento norte, professor,
Vento norte, tradutor,
Justiceiro bendito, ensina a viver
Nesta terra carente de paz e amor!
E quando quiser ele logo derruba
Os altos coqueiros que tem que cair
Fazendo a limpeza de dentro de casa
Soprando pra fora o que tem que sair
Trazendo o canto nativo da terra
E conta pra todos o que já sofreu
Como um furacão que vem pra redimir
Ele quer assumir um lugar que é seu
Vento norte, professor,
Vento norte, tradutor,
Justiceiro bendito, ensina a viver
Nesta terra carente de paz e amor!
Quem é o “Vento Norte” senão o Espírito de Deus, agindo na história, soprando onde e como quer (João 3:8)? O Vento que, na sua liberdade, sacode e levanta a poeira da religião, de ritos, doutrinas e tradições; o Vento que varre a sujeira do mundo e atiça o fogo da purificação, começando pelos seus (João 3:16,17); Vento que bate com força e castiga a sujeira de quem julga-se como “limpo demais”; o mesmo Vento “soprando na orelha de quem sabe menos e empurrando à frente a quem sabe mais”... sim, pois é Ele quem ensina todas as coisas aos que o buscam (João 14:26), sem acepção nenhuma...
O Vento que não suporta a burrice e surdez do mundo, mundo esse que se ampara em crenças, filosofias ou valores quaisquer, mas desconhece qualquer relação com esse Vento Divino; o Vento que traz do Norte, do Alto, um cheiro de paz, que sopra sobre a “moça bonita”, sobre a Escolhida do Senhor, sobre seus eleitos, o “povo nortista”, do norte, do alto, povo simples que, como uma criança que luta e sofre, aguarda com firme esperança a vinda de um Novo Reino. “Vento Norte”, vento vindo das águas oceânicas para varrer com força a sujeira e a preguiça e para ensinar o homem a viver...
Vento que vem e derruba os altos coqueiros, que se ensoberbeceram em sua ganância e loucura, tais pretendidos como “apóstolos”, “bispos” e “profetas das nações”, faltando-lhes somente a comenda de “anjos” ou “messias”, ou ainda aqueles escondidos entre velas, estolas e incenso, revestidos de pompa dourada e ritos e mais ritos que em nada lembram a humildade do Nazareno; Vento Norte, esse que faz a limpeza começando pelos da própria casa, como predizia o apóstolo pescador (1 Pedro 4:17); Vento que traz consigo o canto nativo da terra, o verdadeiro louvor que não emana de um ato cênico e teatral, mas de um coração simples e grato ao Criador...
Vento que vem contar pra todos sobre o que o Ungido de Deus já sofreu (João 16:14); Como um furacão, um vento impetuoso (Atos 2:2) que vem pra redimir, Ele quer assumir um lugar que é seu... sim... esse último verso desconcerta e constrange qualquer um que olhe com inteireza de coração para esse caldo de politicagem, ganância, feitiçaria “às avessas”, radicalismo fundamentalista e manipulação psicológica de massas no qual se tornou o contemporâneo “neopentecostalismo” e suas variadas vertentes... então penso como uma música antiga, simples e não religiosa fala tão profeticamente sobre o abandono à Deus e à Fé, em lugares que falam no Nome dEle apenas para enganar ou gerar medo medieval nos seres humanos... Ele quer assumir um lugar que é seu!
Vento Norte, Professor, que ensina todas as coisas (João 14:26)...
Vento Norte, tradutor, que leva ao Criador as orações dos aflitos (Romanos 8:26, 27)...
Justiceiro Bendito ensina a viver nessa terra carente de paz e amor...
Convido você, caro leitor, a ouvir essa canção e permitir que o Senhor fale à sua consciência.
“Envias o Teu Espírito... e assim, renovas a face da terra.” (Salmo 104:30)
Que Deus nos abençoe!
Cesário C. N. Pinto
Itapajé – CE, 02 de Abril de 2012, Semana Santa.
Um comentário:
Olá, cm vai?
Posso utilizar esta imagem do homem no meio do vento em nosso site da apostolicarompendoemfe.com.br?
Abraço!
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