segunda-feira, 15 de julho de 2013

AS FATALIDADES PODEM ALCANÇAR A TODOS


Sempre ouvi no meio religioso jargões do tipo “não morrerei enquanto Deus não cumprir o que me prometeu”,  “o diabo toca no justo apenas se ele der brecha” e coisas do gênero. É comum, no meio da religião e da moral, as pessoas terem perspectivas simplistas (que é diferente de simplicidade!) das situações ao seu redor; notadamente caem inconscientemente no conceito da retribuição, onde eu faço o bem, logo receberei o bem. O apóstolo Paulo divaga em sua primeira carta aos Coríntios sobre essa lógica espiritual, da semeadura, onde tudo que eu plantar irei colher. Tal pensamento é ponto pacificado entre a maioria dos credos cristãos. Entretanto, tal linha de crença se rompe muitas vezes quando uma fatalidade chega com toda a sua força abatedora. Jesus afirma, por exemplo, que, diante da desgraça, todos nós somos iguais:

“... aqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.” 
(Lucas 13: 4 e 5)

Outro caso fatídico foi o de Jó, onde tudo o que, supostamente, seria improvável acontecer com um justo, veio sobre a vida do personagem. O que aprendemos com isso? Que Deus se esqueceu até dos seus fiéis? Não, absolutamente. Aprendemos que:

- Não somos melhores que ninguém, nem piores;

- Em regra, tudo o que plantarmos, colheremos, nessa ou em outra dimensão espiritual. Entretanto, no nosso mundo existencial, material, tal lei espiritual nem sempre pode ser aplicada, frente às fatalidades sob as quais qualquer um de nós pode ser exposto;

- Deus é soberano; entretanto, Ele não usa de Sua soberania para interferir continuamente na ordem natural da existência humana. Se o homem poluir, a natureza cobrará caro dele, ou talvez cobre de seus netos, que nem culpa possuem pelo erro do avô. Isto não significa que Deus é inerte. Diante do nosso cotidiano, vemos as muitas vezes que somos guardados e quantos livramentos temos ante as ameaças e contratempos. No entanto, as fatalidades e injustiças continuarão todos os dias rodeando, aos justos e injustos, a uns mais, a outros menos, e assim provando nossa fé. Sim, pois sempre buscamos fé para sermos curados, mas, quando não o somos, necessitamos de uma fé ainda mais firme e nobre para nos conformarmos com a voz do Senhor: “a minha Graça te basta!”

Todos os dias, crendo ou não, fiéis a Cristo ou não, somos passíveis a sofrermos infortúnios, desde um acidente a uma queda, da bala perdida à perca inesperada, da traição nunca imaginada à morte prematura. Isso não nos torna melhores ou piores a ninguém e nem tampouco nos dá direito a pronunciar injúrias e lamentações contra o Criador, por ter Ele permitido tal desgraça, ainda que, na esmagadora maioria das vezes, o façamos, ao invés de termos uma atitude de reflexão e resignação. A forma como passamos pelas situações atípicas, dolorosas e inimagináveis que nos surpreendem é que mostrará, de fato, quem somos e qual seja amadurecida a nossa fé.

Que Deus nos abençoe!

Cesário C. N. Pinto

Itapajé – CE, 14 de Julho de 2013.      


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