O Arquivo 154 é um
projeto que idealizei em celebração à Semana do Município de Itapajé, com a
finalidade de publicar rápidas entrevistas com personalidades que estudam a nossa
história local. As indagações aos entrevistados envolveram história,
curiosidades e política local.
Itapajé sob uma
lente fotográfica:
Entrevista com Ribamar
Ramos
O senhor é um dos recentes guardiões da nossa história local. Como
surgiu esse apreço pela história de Itapajé?
Felizmente Itapajé despertou para a necessidade
de se preservar sua história e memória. Aristóteles, o principal ícone de
nossa história foi o precursor, quando em 1959 viu editado um excelente
trabalho sobre nossa história. O exemplo dignificante do filho ilustre serviu de
incentivo para que outros reconhecessem o grande valor de suas pesquisas. Assim
sendo, sou mais um, com certeza, "utopista", nessa seara de
esforçados pesquisadores. Quando aportei em Itapajé, no ano de 1972, fiquei
deslumbrado com a riqueza histórica de nossa cidade. Eu, assim como outros que
mantiveram contato com a obra editada pelo Sr. Aristóteles, sentimos que era
preciso dar continuidade ao resgate histórico de Itapajé.
O senhor possui um dos maiores acervos da história itapajeense, com
fotos, publicações e arquivos de mídia. Pretende torná-lo aberto ao grande
público algum dia?
Realmente, nesses mais de quarenta anos de minha
"feliz" permanência em Itapajé, consegui juntar muitas informações
sobre Itapajé, devidamente compiladas em um "calhamaço" com mais de
oitocentas páginas. Nunca, em tempo algum, deixei de fornecer tais informações
a quem me procurou, principalmente aos estudantes. De certo modo, já mantenho
este acervo, de certa forma, disponível a quem procura. Infelizmente,
atualmente não vislumbro nenhuma possibilidade de ver um livro editado sobre
Itapajé, com o material em meu poder. Talvez, minha personalidade não muito
afeita ao puxasaquismo e subserviência tenha criado algumas
"barreiras" que impediram uma possível publicação, com o apoio de
algum orgão público de "minha terra". Repito: se aparecer uma
entidade séria que recebesse o acervo, o cederia com satisfação. Itapajé (seus
representantes) é míope, para reconhecer qualquer trabalho ou pesquisa, que não
seja de "Protegidos, fâmulos ou aparentado do poder", para receber
qualquer incentivo. Exemplos é que não faltam!
Itapajé ainda não tem sequer um museu para a história do município.
Investir na história não dá votos?
Ora, como podemos ter um Museu, se ao menos temos
uma Biblioteca minimamente organizada. A Biblioteca Aristóteles Alves Carneiro
SEMPRE foi um cabide de emprego e, quase sempre, foi pessimamente administrada!
O que é uma pena. Para a criação e boa administração de um Museu se faz,
indispensável, pessoas comprometidas com nossa história, coisa rara no círculo
mandante de Itapajé.
O senhor participou, de alguma forma, da administração de Padre
Marques. Qual o maior legado que ele deixou para nossa história?
Não! Infelizmente não participei da gestão
passada!
Todo gestor comete equívocos. Onde o Padre pode ter falhado
administrativamente?
As coisas não saíram como se esperava. Poderia
acrescentar que prestei um serviço particular ao Sr. Fernando Sales -
Secretário de Infraestrutura, no acompanhaemento das muitas obras que aquele
secretário administrou. Exercia um trabalho sério e totalmente comprometido com
os anseios do mesmo. Acredito com total sinceridade que a gestão passada -
2009/2012 foi a mais profícua que Itapajé já vivenciou, principalmente no que
se refere à Educação e ao saneamento básico da cidade. Faço essa afirmação com
a certeza de ter acompanhado fotograficamente, desde 15 de fevereiro de 2011
até final de novembro de 2012, oportunidade em que obtive mais de cinco mil
fotos, das obras e da cidade, em muitos de seus aspectos. Quanto aos possíveis
erros da gestão, prefiro não fazer nenhuma avaliação. Não seria coerente
analisar! Digo apenas que: Para bem administrar é preciso confiar em alguém,
não centralizar excessivamente!
Qual mensagem o senhor deixa para os apreciadores da história de
Itapajé?
Espero
que surjam pesquisadores e historiadores descomprometidos com os viciados
poderes: Executivo e Legislativo; eles são muito indutores de opiniões
tendenciosas e politiqueiras. Os que vierem a se juntar aos utopistas e
sonhadores, que eles sejam porta-vozes da verdadeira história de Itapajé e não
meninos de recado dos interesses políticos de velhas raposas! Acredito muito na Turma de História da Faculdade local.
Agradeço ao senhor
Ribamar Ramos pela disponibilidade em ter respondido nossas indagações. Muito
obrigado.
Itapajé-Ce, Julho
de 2013.
Cesário Pinto.
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