domingo, 11 de dezembro de 2011

O PÃO DE CRISTO


Depois de seis meses sem encontrar trabalho, Victor viu-se obrigado a recorrer à mendicância para sobreviver, coisa que o entristecia e envergonhava muito. Numa tarde fria de inverno, encontrava-se nas imediações de um clube social quando viu chegar um casal. Victor pediu algumas moedas para poder comprar algo para comer.
- Sinto muito, amigo, mas não tenho trocados. – Disse ele...
Sua esposa, ouvindo a conversa perguntou:
– O que queria o pobre homem?
- Dinheiro, para comer! Disse que tinha fome. - Respondeu o marido.
– Lourenço, falou ela. – Não podemos entrar e comer uma comida farta que nem necessitamos comer e deixar um pobre homem faminto aqui fora, na calçada. O marido disse a ela:
- Hoje em dia há muitos mendigos por aí, um em cada esquina, pedindo, pedindo... Aposto que a sua maioria pede dinheiro é para beber!
- Tenho uns trocados aqui em minha bolsa, vou dar a ele e mandar-lhe comprar alguma coisa para comer. Mesmo de costas para eles Victor ouviu o diálogo do casal e, envergonhado, queria se afastar depressa, correndo dali, mas ouviu a voz amável da mulher que dizia:
- Aqui tem algumas moedas. Consiga o que comer, ainda que a situação esteja difícil, não perca as esperanças. Em algum lugar existirá um trabalho para você. Espero que encontre. – Obrigado, senhora, disse Victor. – Acabo de me sentir melhor e capaz de começar uma vida nova. A senhora me ajudou e recobrar o ânimo! Jamais esquecerei a sua gentileza.
– Eu lhe afirmo, você vai está comendo O PÃO DE CRISTO! Partilhe-o. – Disse ela, com um largo sorriso dirigido a um homem, que naquele momento, nada mais era que um mendigo. Victor sentiu como uma descarga elétrica percorrendo todo o seu corpo. Encontrou um lugar barato e entrou, para ali se alimentar um pouco.
Gastou metade dos valores daquelas moedas e guardou o resto para o dia seguinte. Ele comeria O PÃO DE CRISTO por dois dias seguidos. E uma vez mais a descarga elétrica vindo não se sabe de onde se repetiu em seu corpo.
- Mas em um momento pensou: - Não posso guardar o Pão de Cristo somente para mim mesmo, tenho que partilhar. Parecia, naquele instante, que ele ouvia um hino antigo que ele tinha aprendido na escola bíblica dominical. Neste momento, passou de seu lado um velhinho. – Quem sabe, este pobre homem esteja com fome, pensou. – Ele sentia que tinha de partilhar o Pão de Cristo.
– Ouça, exclamou Victor ao velhinho. – Gostaria de entrar e comer uma boa comida?
O velho voltou e o encarou assustado, não acreditando no que ouvia.
– Você falou comigo? Está me oferecendo uma comida, de graça?
- Sim, disse Victor. Logo o velhinho estava frente a uma mesa forrada com toalhas limpinhas, um belo prato de comida e uma pequena cestinha sobre a mesa com alguns pães. Durante aquela refeição do velhinho, Victor observou que o velhinho retirava do bolso uma folha de papel e uma sacolinha de mercado e enrolava um daqueles pães.
– Está guardando um pão para comer amanhã? Perguntou Victor.
– Não, não! Respondeu o velhinho. É que tem um menininho que conheço, eu o vejo todos os dias, e ultimamente ele tem passado muito mal e estava chorando quando o deixei nessa manhã. Ele chorava porque tinha fome. Vou levar-lhe este pão.
- O Pão de Cristo! Recordou novamente as palavras da mulher e teve novamente a sensação de uma onda elétrica lhe percorrendo o corpo. Sentiu que havia a presença de um terceiro convidado entre ele e o velhinho sentado naquela mesa. Ouviu ao longe os sinos de uma igreja que pareciam entoar o hino de sua infância na escola bíblica dominical.
Os dois homens levavam o pão ao menino faminto. Quando entregaram o pão, o menino faminto começou a comê-lo com muita alegria. De repente, parou de comer e pegou o pedaço restante do pão e chamou um cachorrinho pequeno e assustado.
– Tome cachorrinho! Dou-te a metade. – Disse o menino.
Victor pôde observar que o Pão de Cristo abençoava também aquele cachorrinho. Depois de ter comido, o pequeno menino chegou a mudar de semblante. Levantou-se e voltou a vender o jornal com alegria.
- Até logo. – Disse Victor ao velho. Confie e creia que algum lugar haverá algum emprego para o senhor. Não desespere! Sabe por quê? – Sua voz se tornou um sussurro: – Isso que comemos é o Pão de Cristo. Uma senhora me disse isso quando me deu aquelas moedas para comprá-lo. O futuro, com certeza, nos prepara algo muito bom! Ao se afastar, Victor observou o cachorrinho que lhe farejava a perna. Agradou-o acariciando a cabeça e viu que ele tinha uma coleira onde estava escrito o nome e o endereço do dono dele. Victor caminhou por um bom tempo até que chegou ao endereço do dono do cachorrinho. Tocou a campainha e logo a porta se abriu. Ao sair e ver na sua porta o seu cachorrinho de volta, aquele homem ficou contentíssimo, mas logo sua expressão ficou fechada e ele repreendeu Victor dizendo:
- Então foi o senhor que me roubou o cachorrinho, hein!
Victor, cheio de humildade, lhe disse:
- Não, senhor, eu só o encontrei e vendo o endereço vim somente lhe entregar.
O homem respondeu:
– Desculpe-me. É que ontem eu coloquei um anúncio no jornal e ofereci uma recompensa a quem o encontrasse. A recompensa é sua pelo seu resgate. Tome!
Victor olhou o dinheiro meio espantado e disse:
- Senhor, não posso aceitar. Somente queria fazer um bem ao cachorrinho!
– Pegue-o, para mim o que você fez vale muito mais do que isto. Você, por acaso, está precisando de um emprego, de um trabalho? Venha no meu escritório amanhã. Neste cartão está o meu endereço, faz-me muita falta ter uma pessoa íntegra como você trabalhando para mim.
Ao voltar a caminhar pela avenida, aquele velho hino, que cantava na sua infância na escola bíblica, soava nitidamente em sua mente e novamente seu corpo arrepiou de alegria. O hino era: PARTE O PÃO DA VIDA:

“Não o canseis de dar
Mas não dês as sobras
Dai com o coração
Mesmo que isso doa”.


Fonte: Texto divulgado livremente na internet.

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