sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

NÃO EXISTEM DIAS RUINS (PAULO ANGELIM)



Um amigo me chegou e lançou uma pergunta típica para abertura de um bom papo: “E aí, Paulo, como vão as coisas?” Quando iniciei a resposta, dizendo que a vida estava normal, cheia de altos e baixos, ele me cortou e emendou: “É assim mesmo, dias bons e dias ruins. É a vida!” Reagi de imediato. A frase dele foi como uma clava na minha nuca. Não me pergunte porquê, mas imediatamente parei nos meus clássicos e já conhecidos cinco segundos de reflexão, e de completa abstração do mundo ao meu redor e, como num lampejo, respondi: “Não! Não concordo. Todos os dias são bons. Independentemente se eles são feitos de momentos desagradáveis ou momentos bons. É isso. Todos os dias são bons”.

Sinceramente, soltei essa resposta, e não sei de onde ela veio (dos céus?). Depois, com calma, comecei a processá-la melhor, buscando os elementos que dariam a devida consistência à ideia. Aí, conclui que é verdade: TODOS OS DIAS SÃO BONS. Você vai achar que eu sou doido, ou estou escrevendo sem pensar. Quer ver? Vamos, só a título de exercício, para uma lista de possíveis dias ruins:

Ontem, foi o dia em que...

... eu perdi meu filho, ou um ente querido
... fui despedido
... saí de casa
... soube da minha doença incurável
... terminei meu namoro
... briguei feio com meu pai, ou com meu cônjuge
... o dinheiro que me deviam não chegou
... fui assaltado (esse está virando rotina, e quase saindo da lista de fatos ruins)
...

Sinceramente, você acha que essa lista tem fim? Não, não tem. Pois vou lhe mostrar como mesmo repleto de fatos ruins, desagradáveis, o dia pode ser RECEBIDO, PERCEBIDO, SENTIDO como um dia bom. Em primeiríssimo lugar, um dia é bom porque é isso que nos ensina o livro da vida, a Bíblia (Sl 118:24 Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele). É interessante que o salmista não se atém ao que ocorreu no dia, mas que devemos nos alegrar nele, num ato volitivo, independente do que tenha ocorrido no mesmo. E a razão é simples, mas máxima: foi o Senhor que o fez para nós.

Ora, se você tem uma perspectiva transcendente das coisas, ou seja, não se contenta em enxergar apenas o fragmento, apenas a árvore, mas sobe em seus pensamentos e começa a ver todo o filme, a floresta, certamente você estará preparado para se fazer a sublime pergunta, capaz de transformar todos os seus dias em dias bons. “Que pergunta é essa?”, você deve estar se questionando. Ei-la: PARA QUÊ? É isso mesmo. Se você tem uma visão que existe Alguém que comanda e orquestra tudo isso, que é bom, que zela por você como um pai, é mais fácil compreender “as baixas” como um movimento temporário dentro de um grande jogo bom. Compreende a “baixa” como uma pequena descida enquanto você sobre uma montanha. Ou uma peça do xadrez que você tem que dar ao adversário para, em seguida, completar uma próxima jogada bem sucedida, que pode lhe levar à vitória final. Ou uma despedida dolorosa e sofrida, em uma viagem que lhe levará ao encontro da terra prometida. Compreende que a baixa pode ser um período de angústia, renúncia, dor e sofrimento, nos dias nos quais você faz sua universidade, mas que nesses mesmos dias está se capacitando para exercer no futuro a profissão para a qual você se sente vocacionado.

Enfim, se você se perguntar “PARA QUÊ?”, mais facilmente encontrará respostas que darão sentido aos momentos ruins do presente, uma vez que eles estão conectados às conquistas do futuro, e assim, transforma seus dias em dias bons. Isso não significa que você não deva exprimir seus sentimentos, engolindo o choro pelos momentos ruins que os dias bons nos proporcionam. Certa vez estava em terapia, com minha psicóloga, e em um momento de muito choro e dor, ela perguntou o que eu estava sentindo. Para surpresa dela, eu disse que estava sentindo muita alegria, porque sabia que aquela dor era parte de minha cura e crescimento interior. Ela disse: “é isso mesmo!”

É engraçado como, muitas vezes, é fácil aceitarmos LONGOS períodos de dor e sofrimento como estágios probatórios e necessários dentro de um plano maior. Mas, porque é tão difícil aceitar que o dia é também uma pequena etapa de um grande processo, de uma grande história? História essa que, dependendo como você enxerga cada uma de suas etapas, inclusive e principalmente o dia, poderá ser, ao final, uma história extremamente vitoriosa. Por isso, o dia sempre deve ser visto como algo bom.

Onde quero chegar? Simples! Lamentar o dia ruim, praguejá-lo e dizer que era melhor que esse dia não tivesse acontecido só lhe ajuda a bloquear a possibilidade maravilhosa que você tem de aprender com os fatos ruins desse dia bom, que você acha ser ruim, e assim dar mais um passo em direção ao sucesso tão desejado. Minha filha está no 2º. ano do ensino médio, em uma turma avançada, e tem enfrentado algumas dificuldades com as provas em certas matérias. Se ela olhar apenas para o dia, para o fragmento, para a foto, enxergará dias ruins, que ela preferia não estar vivendo. Mal sabe ela que, tais provas tem levado-a a mudar seu método de estudo, a redefinir seus horários, a restabelecer prioridades. Tudo isso, sorrateiramente, quase em surdina, está fazendo-a se preparar melhor para o grande embate educacional do adolescente e jovem, chamado vestibular. E tudo isso por causa dos supostos “dias ruins” de provas difíceis, e notas não muito boas, que ela está enfrentando. Dias de choro e angústia, dias que lhe dá vontade de desistir. Mas é exatamente porque eu a tenho feito enxergar o todo, a floresta, o filme, que ela tem aproveitado esses dias bons, repletos de fatos desagradáveis, PARA APRENDER com eles.

É isso amigo. Todo dia é bom, porque todo dia é o dia que Deus nos dá a chance de aprendermos para evoluir. Agora, usar o dia para lamentá-lo, amaldiçoá-lo é desperdiçar a chance que Deus e a vida têm lhe dado de dar mais um passo em direção à sua evolução e crescimento. Por isso, pare com essa idéia de que existem dias bons e ruins. Lembre-se: aconteça o que acontecer de ruim, sinta e chore a dor de ter vivido isso; mas saiba que apesar disso, este é o dia que o Senhor fez para que você se alegre e se regozije. Acredite nisso. E se você acha que estou falando isso sem ter vivido isso, esqueça. Tenho dias repletos de fatos, episódios, encontros, conversas e momentos ruins. Mas, ah meu Deus, como esses dias foram bons. Obrigado por eles Pai.

Compromisso de hoje: Vou olhar para os fatos do dia e aprender com eles, mas principalmente aprender a ser grato por esses fatos.

Abraços, bênçãos e SUCESSO!

Paulo Angelim
Consultor e Palestrante nacional em Marketing, Vendas e Motivação



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