Um amigo me chegou e lançou uma pergunta típica para abertura
de um bom papo: “E aí, Paulo, como vão as coisas?” Quando iniciei a resposta,
dizendo que a vida estava normal, cheia de altos e baixos, ele me cortou e
emendou: “É assim mesmo, dias bons e dias ruins. É a vida!” Reagi de imediato.
A frase dele foi como uma clava na minha nuca. Não me pergunte porquê, mas
imediatamente parei nos meus clássicos e já conhecidos cinco segundos de
reflexão, e de completa abstração do mundo ao meu redor e, como num lampejo,
respondi: “Não! Não concordo. Todos os dias são bons. Independentemente se eles
são feitos de momentos desagradáveis ou momentos bons. É isso. Todos os dias
são bons”.
Sinceramente, soltei essa resposta, e não sei de
onde ela veio (dos céus?). Depois, com calma, comecei a processá-la melhor,
buscando os elementos que dariam a devida consistência à ideia. Aí, conclui que
é verdade: TODOS OS DIAS SÃO BONS. Você vai achar que eu sou doido, ou estou
escrevendo sem pensar. Quer ver? Vamos, só a título de exercício, para uma
lista de possíveis dias ruins:
Ontem, foi o dia em que...
... fui despedido
... saí de casa
... soube da minha doença incurável
... terminei meu namoro
... briguei feio com meu pai, ou com meu cônjuge
... o dinheiro que me deviam não chegou
... fui assaltado (esse está virando rotina, e
quase saindo da lista de fatos ruins)
...
Sinceramente, você acha que essa lista tem fim?
Não, não tem. Pois vou lhe mostrar como mesmo repleto de fatos ruins,
desagradáveis, o dia pode ser RECEBIDO, PERCEBIDO, SENTIDO como um dia bom. Em
primeiríssimo lugar, um dia é bom porque é isso que nos ensina o livro da vida,
a Bíblia (Sl 118:24 Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos, e
alegremo-nos nele). É interessante que o salmista não se atém ao que ocorreu no
dia, mas que devemos nos alegrar nele, num ato volitivo, independente do que
tenha ocorrido no mesmo. E a razão é simples, mas máxima: foi o Senhor que o
fez para nós.
Ora, se você tem uma perspectiva transcendente
das coisas, ou seja, não se contenta em enxergar apenas o fragmento, apenas a
árvore, mas sobe em seus pensamentos e começa a ver todo o filme, a floresta,
certamente você estará preparado para se fazer a sublime pergunta, capaz de
transformar todos os seus dias em dias bons. “Que pergunta é essa?”, você deve
estar se questionando. Ei-la: PARA QUÊ? É isso mesmo. Se você tem uma visão que
existe Alguém que comanda e orquestra tudo isso, que é bom, que zela por você
como um pai, é mais fácil compreender “as baixas” como um movimento temporário
dentro de um grande jogo bom. Compreende a “baixa” como uma pequena descida
enquanto você sobre uma montanha. Ou uma peça do xadrez que você tem que dar ao
adversário para, em seguida, completar uma próxima jogada bem sucedida, que
pode lhe levar à vitória final. Ou uma despedida dolorosa e sofrida, em uma
viagem que lhe levará ao encontro da terra prometida. Compreende que a baixa
pode ser um período de angústia, renúncia, dor e sofrimento, nos dias nos quais
você faz sua universidade, mas que nesses mesmos dias está se capacitando para
exercer no futuro a profissão para a qual você se sente vocacionado.
Enfim, se você se perguntar “PARA QUÊ?”, mais
facilmente encontrará respostas que darão sentido aos momentos ruins do
presente, uma vez que eles estão conectados às conquistas do futuro, e assim,
transforma seus dias em dias bons. Isso não significa que você não deva
exprimir seus sentimentos, engolindo o choro pelos momentos ruins que os dias
bons nos proporcionam. Certa vez estava em terapia, com minha psicóloga, e em
um momento de muito choro e dor, ela perguntou o que eu estava sentindo. Para
surpresa dela, eu disse que estava sentindo muita alegria, porque sabia que
aquela dor era parte de minha cura e crescimento interior. Ela disse: “é isso
mesmo!”
É engraçado como, muitas vezes, é fácil
aceitarmos LONGOS períodos de dor e sofrimento como estágios probatórios e
necessários dentro de um plano maior. Mas, porque é tão difícil aceitar que o
dia é também uma pequena etapa de um grande processo, de uma grande história?
História essa que, dependendo como você enxerga cada uma de suas etapas,
inclusive e principalmente o dia, poderá ser, ao final, uma história extremamente
vitoriosa. Por isso, o dia sempre deve ser visto como algo bom.
Onde quero chegar? Simples! Lamentar o dia ruim,
praguejá-lo e dizer que era melhor que esse dia não tivesse acontecido só lhe
ajuda a bloquear a possibilidade maravilhosa que você tem de aprender com os
fatos ruins desse dia bom, que você acha ser ruim, e assim dar mais um passo em
direção ao sucesso tão desejado. Minha filha está no 2º. ano do ensino médio,
em uma turma avançada, e tem enfrentado algumas dificuldades com as provas em certas
matérias. Se ela olhar apenas para o dia, para o fragmento, para a foto,
enxergará dias ruins, que ela preferia não estar vivendo. Mal sabe ela que,
tais provas tem levado-a a mudar seu método de estudo, a redefinir seus
horários, a restabelecer prioridades. Tudo isso, sorrateiramente, quase em
surdina, está fazendo-a se preparar melhor para o grande embate educacional do
adolescente e jovem, chamado vestibular. E tudo isso por causa dos supostos
“dias ruins” de provas difíceis, e notas não muito boas, que ela está
enfrentando. Dias de choro e angústia, dias que lhe dá vontade de desistir. Mas
é exatamente porque eu a tenho feito enxergar o todo, a floresta, o filme, que
ela tem aproveitado esses dias bons, repletos de fatos desagradáveis, PARA
APRENDER com eles.
É isso amigo. Todo dia é bom, porque todo dia é
o dia que Deus nos dá a chance de aprendermos para evoluir. Agora, usar o dia
para lamentá-lo, amaldiçoá-lo é desperdiçar a chance que Deus e a vida têm lhe
dado de dar mais um passo em direção à sua evolução e crescimento. Por isso,
pare com essa idéia de que existem dias bons e ruins. Lembre-se: aconteça o que
acontecer de ruim, sinta e chore a dor de ter vivido isso; mas saiba que apesar
disso, este é o dia que o Senhor fez para que você se alegre e se regozije.
Acredite nisso. E se você acha que estou falando isso sem ter vivido isso,
esqueça. Tenho dias repletos de fatos, episódios, encontros, conversas e
momentos ruins. Mas, ah meu Deus, como esses dias foram bons. Obrigado por eles
Pai.
Compromisso de hoje: Vou olhar para os fatos do
dia e aprender com eles, mas principalmente aprender a ser grato por esses
fatos.
Abraços, bênçãos e SUCESSO!
Paulo Angelim
Consultor e Palestrante nacional em Marketing,
Vendas e Motivação
FONTE: www.pauloangelim.com.br
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