O FRADE DE PEDRA
(ANTONIO MARTINS)
Era da tarde ao fim, o que vi de perto
Já das brumas da noite o vulto incerto...
Um gigante de pé;
Depois, à luz do dia contemplei-o
Fui mais perto, mais perto, o mesmo enleio...
“Infinito Galé”!
Como êle é magestoso! Viu passarem
Com os séculos gerações a se abismarem
Na tumba das idades;
Sentinela do mundo no seu porto
Tem das procelas rugas, pelo rosto
Sucos das tempestades.
Fez-se monge... preferiu à cela escura
O ambiente sagrado da natura
Entre os muros azuis da cordilheira;
E aí, num paraíso aos céus aberto
Constituiu-se um marco no deserto
Ancora de fé na crença derradeira
O povo aponta-o respeitoso e
altivo,
Como a estátua fatal de um
redivivo...
Do dilúvio... Talvêz...
Da arca de Noé caira a nado,
Té que um dia aportou extenuado
Dos serros no convés!
Tem de encelados os membros de
granito,
Rolou lá das almeias do infinito
No dorso dos destroços;
Caiu de pé pois a raça dos
gigantes
Se equilibra nos músculos dos
Atlantes
Nos hombros dos colossos.
Versão de O Frade de Pedra, de Antonio Martins, extraída do livro Centenário de Itapajé.
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