Você sabia que foi
apenas no ano 190 d.C. que a palavra grega ekklesia, que traduzimos como igreja, foi pela
primeira vez utilizada para se referir a um lugar de reuniões dos cristãos?
Sabia também que esse lugar de reuniões era uma casa, e não um templo, já que
os templos cristãos surgiram apenas no século IV, após a conversão de
Constantino?
Você sabia que os cristãos não chamavam seus lugares de reuniões de
templos até pelo menos o século V? Você sabia que o primeiro templo cristão
começou a ser construído por Constantino, sob influência de sua mãe Helena, em
327 d.C., às custas de recursos públicos, e sua arquitetura seguia o modelo das
basílicas, as sedes governamentais da Grécia e, posteriormente, de Roma, e dos
templos pagãos da Síria?
Você sabia que as basílicas cristãs foram construídas com uma plataforma
elevada acima do nível da congregação e que no centro da plataforma figurava o
altar, e à sua frente a cadeira do Bispo, que era chamada de cátedra? Você
sabia que o termo ex cathedra significa
“desde o trono”, numa alusão ao trono do juiz romano, e, por conseguinte, era o
lugar mais privilegiado e honroso do templo?
Você sabia que o Bispo pregava sentado, ex cathedra, numa posição em que o sol resplandecia
em sua face enquanto ele falava à congregação, pois Constantino, mesmo após a
sua conversão ao Cristianismo, jamais deixou de ser um adorador do deus sol?
Você sabia que o atual modelo hierárquico do Cristianismo, que distingue clero
e laicato, teve origem e ou foi profundamente afetado pela arquitetura original
dos templos do período Constantino?
Você sabia que Jesus não fundou o Cristianismo, e que o que chamamos
hoje de Cristianismo é uma construção religiosa humana, feita pelos seguidores
de Jesus ao longo de mais de dois mil anos de história? Você sabia que o que
chamamos hoje de Cristianismo está profundamente afetado por pelo menos três
grandes eras: a era de Constantino, a era da Reforma Protestante e a era dos
Avivamentos na Inglaterra e nos Estados Unidos? Você sabia que é praticamente
impossível saber a distância que existe entre o que Jesus tinha em mente quando
declarou que edificaria a sua ekklesia e o que temos hoje como Cristianismo
Católico Romano, Protestante, Ortodoxo, Pentecostal, Neopentecostal e
Pseudopentecostal?
Você sabia que os primeiros cristãos se preocuparam em relatar as
intenções originais de Jesus com vistas a estender seu movimento até os confins
da terra? Você sabia que este relato está registrado no Novo Testamento, mais
precisamente nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos? Você sabia que o
terceiro evangelho, Evangelho Segundo Lucas, e o livro dos Atos deveriam formar
no princípio uma só obra, que hoje chamaríamos de “História das origens
cristãs”? Você sabia que os livros foram separados quando os cristãos desejaram
possuir os quatro evangelhos num mesmo códice, e que isso aconteceu por volta
de 150 d.C.? Você sabia que o título “Atos dos Apóstolos” surgiu nessa época,
segundo costume da literatura helenística, que já possuía entre outros os “Atos
de Anibal” e os “Atos de Alexandre”?
Nesse emaranhado de coisas que eu não sabia, três coisas eu sei. A
primeira é que a crítica que o mundo secular faz ao Cristianismo institucional
tem sérios fundamentos, ou como disse Tony Campolo: “Os inimigos estão
parcialmente certos”. A segunda coisa que sei é que nesta Babel que vem se
tornando o movimento evangélico brasileiro, está cada vez mais difícil
identificar a essência do Evangelho de Jesus Cristo, nosso Senhor. A terceira
coisa que sei é que vale a pena perguntar aos primeiros cristãos o que eles
entenderam a respeito de Jesus, sua mensagem, sua proposta de vida e suas
intenções originais. Vale a pena voltar à Bíblia. Não há outra fonte segura de
informação e formação espiritual, senão a Bíblia Sagrada, especialmente o Novo
Testamento.
Ed René Kivitz
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