A comunicação é uma das faculdades mais íntrisecas de todo ser humano. Ao longo dos séculos foram sendo criados meios e veículos que visavam transmitir informações às massas, primeiramente relacionadas com as decisões dos governantes e em seguida com a história da própria sociedade. Assim, por exemplo, governantes das antigas realezas e impérios divulgavam suas ordenanças através do porta voz oficial, que normalmente ficava em uma praça central ou às portas do palácio real, e após o som estridente de uma trombeta comunicava as decisões e ações do seu monarca. Com a invenção em 1439 da Imprensa (a máquina gráfica) por Gutemberg, o mundo sofreu um salto na divulgação de informações, fatos e ideologias por meio dos panfletos e, posteriormente, dos folhetins, que depois se tornariam nos jornais. O fim do século XIX trouxe consigo as primeiras transmissões de rádio da história, sendo sucedidas no século XX pelo sistema televisivo. No final do milênio veríamos a explosão da mídia virtual, com a Internet, que se torna a cada dia mais popular nesse início do século XXI. Como em todo o mundo, a cidade de Itapajé também participou nessas últimas décadas desse processo e desde os anos de 1950 teve sua vida cotidiana escrita e reescrita pela sua própria mídia.
A ERA DAS RADIADORAS
É inegável que até hoje a grande vocação para as comunicações em nosso município é a transmissão radiofônica. Na verdade, isso nada mais é do que o legado deixado pelas radiadoras: cornetas de som eram instaladas em locais altos e estratégicos que, ligadas a um sistema de som central em um estúdio, divulgavam as mais variadas programações, nos municípios de pequeno porte. Uma idéia simples e tão bem sucedida que até hoje é usada em muitos rincões do mundo. Em Itapajé a primeira radiadora teria sido implantada pelo Padre Fco. Evaristo de Melo (Padre Evaristo), que entre os anos de 1954 ou 1955 teria instalado uma estratégica rede de cornetas radiofônicas simultaneamente alocadas na Igreja Matriz, como também no prédio pertecente ao Capitão Braga (hoje loja do sr. Gerardo Rocha, no Centro) e na residência do sr. Virgílio Pinto (hoje do sr. Afonso Moura, em frente ao “Bar do Silveira”, na Rua Fausto Pinheiro). Com essa engenhosa rede ligada por fios até o estúdio na Casa Paroquial, os católicos eram informados com a programação religiosa da paróquia. Surgiram ainda nos anos seguintes as radiadoras do Moreira (no Centro), a do Juracy “Mocozim” (filho do Mestre Duca) no alto da Bela Vista, a de João Felício (vizinho ao prédio do sr. Olavo) e a do sr. Narcísio, na Rua da Cinza (hoje Rua Francisco Sousa). Apesar de tantas, a história das radiadoras em Itapajé ficaria de fato definitivamente marcada com o surgimento do Studio Royal.
STUDIO ROYAL: A RADIADORA DO MOREIRA
Por volta de 1955, segundo as lembranças do seu amigo Colombo Pinto, o sr. Francisco Moreira de Souza (09 de Maio de 1907 – 24 de Junho de 1992) iniciou as transmissões direto do seu Studio Royal, que era situado em frente à Praça do Povão (hoje é uma loja de artigos infantis) e que viria a ficar conhecido para sempre na mente e no coração dos itapajeenses como a Radiadora do Moreira. Fato curioso é que Moreira também criara o salão de festas Royal (hoje padaria Shopping Pães) no qual havia dois setores, o salão comum e o Royalzinho, “área vip” onde só eram bem vindas as “pessoas de bem”, as moças da sociedade, onde as “gatos” (as mulheres “da vida”) eram impedidas de entrar pelo próprio Moreira. Sendo uma figura folclórica, Moreira transmitia direto do Studio Royal suas músicas clássicas prediletas, mas onde também havia espaço para comerciais, pedidos de auxílio, programação religiosa, pregações de pastores protestantes e as famosas chamadas para os sepultamentos. Havia até quem fugisse de casa somente para vir na praça, “ouvir o Moreira”. Mas o momento crucial, para toda a cidade de Itapajé, que simplesmente parava, era quando a canção italiana Il Silenzio começava a soar, indicando o falecimento de algum itapajeense.
Por volta de 1955, segundo as lembranças do seu amigo Colombo Pinto, o sr. Francisco Moreira de Souza (09 de Maio de 1907 – 24 de Junho de 1992) iniciou as transmissões direto do seu Studio Royal, que era situado em frente à Praça do Povão (hoje é uma loja de artigos infantis) e que viria a ficar conhecido para sempre na mente e no coração dos itapajeenses como a Radiadora do Moreira. Fato curioso é que Moreira também criara o salão de festas Royal (hoje padaria Shopping Pães) no qual havia dois setores, o salão comum e o Royalzinho, “área vip” onde só eram bem vindas as “pessoas de bem”, as moças da sociedade, onde as “gatos” (as mulheres “da vida”) eram impedidas de entrar pelo próprio Moreira. Sendo uma figura folclórica, Moreira transmitia direto do Studio Royal suas músicas clássicas prediletas, mas onde também havia espaço para comerciais, pedidos de auxílio, programação religiosa, pregações de pastores protestantes e as famosas chamadas para os sepultamentos. Havia até quem fugisse de casa somente para vir na praça, “ouvir o Moreira”. Mas o momento crucial, para toda a cidade de Itapajé, que simplesmente parava, era quando a canção italiana Il Silenzio começava a soar, indicando o falecimento de algum itapajeense.
“Preguei na Radiadora do Moreira, no famoso Studio Royal. Ele tinha uma autorização do Presidente Getúlio Vargas para a radiadora funcionar legalmente. Certamente ele é uma figura inesquecível de nossa amada Itapajé.” (Pastor Denis Frota)
“Eu tinha medo daquela música, nossa, eu era pivete e ficava me tremendo todo...” (Otávio Cesar Lima)
“Quando tinha cinco anos fugi de casa e meu pai me tirou de dentro do ônibus através da Radiadora do Moreira, que estava anunciando o meu desaparecimento. É realmente uma figura inesquecível de nossa cidade.” (Mário Albuquerque Sousa)
Cheguei a conhecer o Moreira e, apesar de ser muito criança, lembro-me um pouco dele e dos chicletes Ploc que ele sempre me dava; era uma figura ímpar que, infelizmente, como uma sucessão de outros personagens itapajeenses, nunca foi lembrado e homenageado devidamente pelas nossas autoridades e pelo nosso povo e, como já disse alguém em algum lugar: “povo sem passado, povo sem memória, é povo sem futuro”. É lamentável, mas parece que no nosso “Itapas” só são lembrados os políticos ou os parentes e amigos dos mesmos.
Moreira viria falecer humildemente em 1992, sem que entoassem a sua querida canção Il Silenzio, mas veria ainda em 1991 uma transição histórica na nossa mídia local, com o surgimento daquela que viria ser “a pioneira” em um novo segmento, um monopólio por quase uma década: a Rádio A Voz de Itapagé Ltda. Você conhece?
A ERA DAS RÁDIOS: SURGE A PIONEIRA
Ao som instrumental de Besame Mucho o locutor anunciava:“ZYH 665, Rádio Guanacés de Itapajé AM, operando na freqüência de 1450 KHZ - Prometemos voltar amanhã com a nossa programação normal. Tenham todos uma boooa noite!” Essa era a vinheta histórica, na voz do radialista Manuel Barbosa, onde no início da década de 90 seria ouvida por milhares de itapajeenses na cidade, serra e sertão, antes de se deitarem. Porém, antes dessa chamada se tornar famosa, haveria muito trabalho, por parte dos pioneiros, para tentar destronar o império do “canto do Uirapuru”, que há muito cantava dentro do “Itapas”.
Itapagé (com G, mas na época uma lei iria aprovar o uso do J na grafia de Itapajé) tinha agora todas as suas radiadoras praticamente extintas e a população passou a ser ouvinte assídua das grandes rádios metropolitanas. Dragão do Mar, Verdinha, Rádio Jornal e FM 93 eram algumas das favoritas na terra do frade de pedra. A Rádio Uirapuru de Itapipoca, dirigida pelo experiente José Ivo Magalhães, também tinha uma aceitação considerável dentro de Itapajé, principalmente pelas notícias regionais e a óbvia proximidade geográfica e cultural entre as duas cidades. O “Uirapuru, seresteiro cantador do meu sertão” tinha em Itapajé uma soma de ouvintes fiéis, já que não havia concorrência local.
“Eu tinha medo daquela música, nossa, eu era pivete e ficava me tremendo todo...” (Otávio Cesar Lima)
“Quando tinha cinco anos fugi de casa e meu pai me tirou de dentro do ônibus através da Radiadora do Moreira, que estava anunciando o meu desaparecimento. É realmente uma figura inesquecível de nossa cidade.” (Mário Albuquerque Sousa)
Cheguei a conhecer o Moreira e, apesar de ser muito criança, lembro-me um pouco dele e dos chicletes Ploc que ele sempre me dava; era uma figura ímpar que, infelizmente, como uma sucessão de outros personagens itapajeenses, nunca foi lembrado e homenageado devidamente pelas nossas autoridades e pelo nosso povo e, como já disse alguém em algum lugar: “povo sem passado, povo sem memória, é povo sem futuro”. É lamentável, mas parece que no nosso “Itapas” só são lembrados os políticos ou os parentes e amigos dos mesmos.
Moreira viria falecer humildemente em 1992, sem que entoassem a sua querida canção Il Silenzio, mas veria ainda em 1991 uma transição histórica na nossa mídia local, com o surgimento daquela que viria ser “a pioneira” em um novo segmento, um monopólio por quase uma década: a Rádio A Voz de Itapagé Ltda. Você conhece?
A ERA DAS RÁDIOS: SURGE A PIONEIRA
Ao som instrumental de Besame Mucho o locutor anunciava:“ZYH 665, Rádio Guanacés de Itapajé AM, operando na freqüência de 1450 KHZ - Prometemos voltar amanhã com a nossa programação normal. Tenham todos uma boooa noite!” Essa era a vinheta histórica, na voz do radialista Manuel Barbosa, onde no início da década de 90 seria ouvida por milhares de itapajeenses na cidade, serra e sertão, antes de se deitarem. Porém, antes dessa chamada se tornar famosa, haveria muito trabalho, por parte dos pioneiros, para tentar destronar o império do “canto do Uirapuru”, que há muito cantava dentro do “Itapas”.
Itapagé (com G, mas na época uma lei iria aprovar o uso do J na grafia de Itapajé) tinha agora todas as suas radiadoras praticamente extintas e a população passou a ser ouvinte assídua das grandes rádios metropolitanas. Dragão do Mar, Verdinha, Rádio Jornal e FM 93 eram algumas das favoritas na terra do frade de pedra. A Rádio Uirapuru de Itapipoca, dirigida pelo experiente José Ivo Magalhães, também tinha uma aceitação considerável dentro de Itapajé, principalmente pelas notícias regionais e a óbvia proximidade geográfica e cultural entre as duas cidades. O “Uirapuru, seresteiro cantador do meu sertão” tinha em Itapajé uma soma de ouvintes fiéis, já que não havia concorrência local.
concorrente, a Rádio Guanacés
No fim da década de 80 um projeto ousado foi idealizado pelo dentista amante de rádio, Eldo Rios Lousada, com o apoio do prefeito Raimundo Vieira Neto, que intermediou a concessão junto ao Ministério das Comunicações, em Brasília. Assim, em 18 de maio 1991, houve a primeira transmissão de uma rádio itapajeense, até então conhecida pelo seu nome oficial, Rádio A Voz de Itapagé Ltda. Conduzindo a transmissão estavam o técnico José Aroldo Maciel, o operador de áudio Valdemir Barroso e o engenheiro Lourenço. Em 20 de julho do mesmo ano, a já então Rádio Guanacés seria oficialmente inaugurada, sendo propriedade de um grupo formado por quatro cidadãos, dentre eles os políticos Tony Cruz e Batista Braga. Manoel Barbosa, Gustavo Augusto, Antonio Nilo Pinto (Dedim), Sebastião Neto, José Francelino, Anchieta Sávio, José Ezaclir Montenegro (Jota Montenegro), Joel Oliveira, Tabosa Filho, Eldo Rios Lousada, a assistente Ludmila Araújo e tantos outros viriam com o passar dos anos fazer parte do elenco de profissionais da emissora. Com espaço para programação religiosa, surgiram a transmissão de missas, o programa do excêntrico místico “Dr. Cachoeira” e suas simpatias, além dos programas inovadores de uma igreja que estava iniciando, a Comunidade de Nova Vida; mas com certeza os programas mais ouvidos entre os ouvintes religiosos eram os da Assembléia de Deus, talvez pela grande quantidade de programas, que sempre iniciavam com a canção Pelas Ondas Do Rádio.
A Rádio Guanacés passou a concorrer diretamente com a Uirapuru, dentro de Itapajé e de outros municípios próximos no Vale do Curu e Aracatiaçu. Em pouco tempo tornou-se a rádio informativa dos itapajeenses. O sucesso foi relevante. Chavões se tornaram famosos na voz do povo: - “Toca Tudo: Comando, Sebastião Neto!” – “Oi gente, que beleza: Programa Jota Montenegro, audiência total!” – “Programa Rádio Regional: com Tabosa Filho” – “Acorda, acorda minha gente”, dizia Antonio Dedim chamando os ouvintes para “forrozar”. Durante quase uma década a Rádio Guanacés seria um monopólio da comunicação de longo alcance no município. Porém isso mudaria no final da década de 90, com um fenômeno que avançava indiscriminadamente sobre todas as regiões e rincões do país, gerando preocupação até nos pilotos de aviões: as rádios comunitárias.
INVASÃO EM ITAPAJÉ: AS RÁDIOS COMUNITÁRIAS
Eles chegaram quase que despercebidas. Apesar de suas ondas não terem alcance suficiente para chegar nem em Iratinga ou no Jorge, as rádios comunitárias foram surgindo aos montes em Itapajé, uma tendência que se repetia em todos os municípios brasileiros. Os ouvintes da sede do município que iam dormir ao som das fm’s já consagradas de Fortaleza acordaram com um enxame de sons e vozes as mais diversas. No ápice desse período, no fim dos anos 90, Itapajé chegou a ter cinco “rádios comunitárias” que, apesar do termo, possuíam características muito mais comerciais e políticas: Antena FM, Ararena FM, Bela Vista FM, Havaí FM e Itapajé FM trouxeram para os ouvintes locais uma variedade maior de estilo e programação, mas nem isso fez todos se sentirem beneficiados.
A princípio, as novas rádios simplesmente “mataram” o sinal das grandes fm’s, tão apreciadas pela população. FM 93, Jovem Pan, Rádio Cidade e a evangélica Rádio Aleluia, todas em Fortaleza, ficaram simplesmente mudas. Houve ainda, naturalmente, uma lenta transição de parte dos ouvintes da Guanacés para as novas emissoras locais. Apesar de permanecer líder no interior do município, a Guanacés AM naquele momento particular sofreria por suas tendências políticas e, com a chegada da nova concorrência, passou a “suar a camisa”, batendo de frente com a Bela Vista FM, a mais comunitária e também a mais partidária das novas fm’s. Desde então, a pioneira Guanacés, que antes tomara o trono da Uirapuru dentro do “Itapas”, teria que repartir a audiência e o “bolo” comercial com suas “co-irmãs”, na linguagem dos radialistas.
Mas o doce foi acabando para as comunitárias. Questões comerciais, burocráticas e jurídicas fizeram com que, de uma a uma, cada rádio comunitária fosse sendo extinta, restando até esse momento que escrevo (2011) somente a Havaí FM. A Guanacés no início do novo milênio passara pelo furacão das comunitárias, mas o estrago que a concorrência e as convicções políticas fizeram foi grande. Poucos radialistas da safra de 91 restavam na AM de Itapajé. Tabosa Filho, que migrara para a Bela Vista FM, retornava agora para a AM, com a missão de reestruturar a programação da empresa, com uma equipe nova e jovem. Mas as comunitárias haviam criado um grande espaço, que agora permanecia vago. Mas não por muito tempo. Um casal especialista na comunicação iria produzir, pela primeira vez em Itapajé, o embrião de uma experiência inovadora no município. Estava surgindo a primeira FM comercial de Itapajé.
DE QUEM PRA QUEM... DE QUEM PRA QUEM?!
Em junho de 2005 o fortalezense Antônio Nogueira Lima, com mais de trinta anos de rádio, fora contatado para mais um projeto que seria desenvolvido no interior do estado, agora na cidade de Itapajé. Junto com sua esposa Marta Moraes, alagoana de União dos Palmares, Nogueira Lima visitou o município e, durante uma semana, fez pesquisa de mercado, visitando o comércio e ouvindo as rádios locais. Decidiu então pela realização de um projeto envolvendo uma programação eclética, popular e que também coubesse uma área jornalística, mesmo sendo uma rádio FM. O então projeto foi aprovado pelo médico Dr. Bastos, proprietário da emissora ainda em fase embrionária e que deu nome à rádio: surgia a Atitude FM.
Já em fase experimental, a emissora realizou seleção de pessoal, com participação de cerca de trezentos e sessenta interessados em seguir carreira na área. Além disso, profissionais de outras emissoras também foram contratados. Enquanto Nogueira Lima, com larga experiência, projetava a área comercial da emissora, Marta Moraes elaborava o projeto jornalístico, que seria conhecido como Jornal Integração. E a idéia deu certo. Em 21 de julho de 2006 era inaugurada a Atitude FM, que daria uma nova cara para a programação radiofônica do município. Na mesma época, a AM Guanacés, que anos antes sofrera um baque com as rádios comunitárias, reinventava-se e pouco a pouco encontrava novamente, dentro da sede do município, a sua fatia de audiência, agora com menos partidarismo e mais isenção, conteúdo informativo, esportivo e popular. Mas em uma geração encharcada de imagens e vídeos, as rádios locais também precisavam se adequar à nova realidade: o mundo da internet.
A MÍDIA DO WWW E O FUTURO
A internet já estava “bombando” desde o fim dos anos 90, mas quase dez anos depois Itapajé ainda patinava no mundo virtual. Porém, com o aumento do número de provedores no mercado local e com seus preços se tornando mais acessíveis, a população itapajeense de classe média finalmente se conectou. Dessa vez as emissoras de rádio se apressaram em criar seus sites e não perderem o trem da história. Para tanto, lançaram mão de recursos como transmissões via web, publicação de fotos, vídeos, enquetes e os fóruns de discussão, como forma de obterem um feedback dos “ouvintes internautas”. Mas a web não tem as amarras burocráticas das antigas rádios comunitárias. Itapajé hoje é visto em vários aspectos, visões e pensamentos, publicados em redes sociais, sites e blogs locais, os mais variados. Agora não só as rádios ou alguns poucos comunicadores, mas igrejas, entidades e cidadãos comuns começam a fazer a história de uma nova mídia local, democrática e imergida entre as fronteiras virtuais da internet. E certamente esse movimento ainda irá muito longe!
Diante desses novos desafios, o rádio, herança direta das primitivas radiadoras e que em Itapajé já se adequou à web, não perderá o seu lugar e influência, diferentemente do que ocorreu com as radiadoras e com as emissoras comunitárias de pequeno alcance. Pelo contrário, acredito francamente que temos espaço até para mais emissoras, destinadas a públicos específicos, como por exemplo, uma emissora de conteúdo majoritariamente voltado à espiritualidade cristã. Vou mais longe: acredito que, em questão de alguns anos, poderemos dar maiores passos na evolução da nossa mídia local vendo, quem sabe, surgir a TV comunitária local ou, no mínimo, TVs locais via internet. Já existem experiências nesse sentido. É uma tendência que se segue, no mundo inteiro. Se estivesse vivo, com certeza o Moreira ficaria empolgado com a idéia de se ver na telinha.
Que Deus nos abençoe!
Cesário C. N. Pinto
Itapajé - Ce, 26 de Setembro de 2011.
Agradecimentos:
José Colombo Pinto (Depoimento sobre o Moreira)
Lourdes Pinto (Depoimento sobre o Moreira)
Marta Moraes (Informações sobre o rádio local)
Anchieta Sávio (Informações sobre o rádio local)
Patrícia Barbosa (Sobre a primeira transmissão da Guanacés)
INVASÃO EM ITAPAJÉ: AS RÁDIOS COMUNITÁRIAS
Eles chegaram quase que despercebidas. Apesar de suas ondas não terem alcance suficiente para chegar nem em Iratinga ou no Jorge, as rádios comunitárias foram surgindo aos montes em Itapajé, uma tendência que se repetia em todos os municípios brasileiros. Os ouvintes da sede do município que iam dormir ao som das fm’s já consagradas de Fortaleza acordaram com um enxame de sons e vozes as mais diversas. No ápice desse período, no fim dos anos 90, Itapajé chegou a ter cinco “rádios comunitárias” que, apesar do termo, possuíam características muito mais comerciais e políticas: Antena FM, Ararena FM, Bela Vista FM, Havaí FM e Itapajé FM trouxeram para os ouvintes locais uma variedade maior de estilo e programação, mas nem isso fez todos se sentirem beneficiados.
A princípio, as novas rádios simplesmente “mataram” o sinal das grandes fm’s, tão apreciadas pela população. FM 93, Jovem Pan, Rádio Cidade e a evangélica Rádio Aleluia, todas em Fortaleza, ficaram simplesmente mudas. Houve ainda, naturalmente, uma lenta transição de parte dos ouvintes da Guanacés para as novas emissoras locais. Apesar de permanecer líder no interior do município, a Guanacés AM naquele momento particular sofreria por suas tendências políticas e, com a chegada da nova concorrência, passou a “suar a camisa”, batendo de frente com a Bela Vista FM, a mais comunitária e também a mais partidária das novas fm’s. Desde então, a pioneira Guanacés, que antes tomara o trono da Uirapuru dentro do “Itapas”, teria que repartir a audiência e o “bolo” comercial com suas “co-irmãs”, na linguagem dos radialistas.
Mas o doce foi acabando para as comunitárias. Questões comerciais, burocráticas e jurídicas fizeram com que, de uma a uma, cada rádio comunitária fosse sendo extinta, restando até esse momento que escrevo (2011) somente a Havaí FM. A Guanacés no início do novo milênio passara pelo furacão das comunitárias, mas o estrago que a concorrência e as convicções políticas fizeram foi grande. Poucos radialistas da safra de 91 restavam na AM de Itapajé. Tabosa Filho, que migrara para a Bela Vista FM, retornava agora para a AM, com a missão de reestruturar a programação da empresa, com uma equipe nova e jovem. Mas as comunitárias haviam criado um grande espaço, que agora permanecia vago. Mas não por muito tempo. Um casal especialista na comunicação iria produzir, pela primeira vez em Itapajé, o embrião de uma experiência inovadora no município. Estava surgindo a primeira FM comercial de Itapajé.
DE QUEM PRA QUEM... DE QUEM PRA QUEM?!
Em junho de 2005 o fortalezense Antônio Nogueira Lima, com mais de trinta anos de rádio, fora contatado para mais um projeto que seria desenvolvido no interior do estado, agora na cidade de Itapajé. Junto com sua esposa Marta Moraes, alagoana de União dos Palmares, Nogueira Lima visitou o município e, durante uma semana, fez pesquisa de mercado, visitando o comércio e ouvindo as rádios locais. Decidiu então pela realização de um projeto envolvendo uma programação eclética, popular e que também coubesse uma área jornalística, mesmo sendo uma rádio FM. O então projeto foi aprovado pelo médico Dr. Bastos, proprietário da emissora ainda em fase embrionária e que deu nome à rádio: surgia a Atitude FM.
Já em fase experimental, a emissora realizou seleção de pessoal, com participação de cerca de trezentos e sessenta interessados em seguir carreira na área. Além disso, profissionais de outras emissoras também foram contratados. Enquanto Nogueira Lima, com larga experiência, projetava a área comercial da emissora, Marta Moraes elaborava o projeto jornalístico, que seria conhecido como Jornal Integração. E a idéia deu certo. Em 21 de julho de 2006 era inaugurada a Atitude FM, que daria uma nova cara para a programação radiofônica do município. Na mesma época, a AM Guanacés, que anos antes sofrera um baque com as rádios comunitárias, reinventava-se e pouco a pouco encontrava novamente, dentro da sede do município, a sua fatia de audiência, agora com menos partidarismo e mais isenção, conteúdo informativo, esportivo e popular. Mas em uma geração encharcada de imagens e vídeos, as rádios locais também precisavam se adequar à nova realidade: o mundo da internet.
A MÍDIA DO WWW E O FUTURO
A internet já estava “bombando” desde o fim dos anos 90, mas quase dez anos depois Itapajé ainda patinava no mundo virtual. Porém, com o aumento do número de provedores no mercado local e com seus preços se tornando mais acessíveis, a população itapajeense de classe média finalmente se conectou. Dessa vez as emissoras de rádio se apressaram em criar seus sites e não perderem o trem da história. Para tanto, lançaram mão de recursos como transmissões via web, publicação de fotos, vídeos, enquetes e os fóruns de discussão, como forma de obterem um feedback dos “ouvintes internautas”. Mas a web não tem as amarras burocráticas das antigas rádios comunitárias. Itapajé hoje é visto em vários aspectos, visões e pensamentos, publicados em redes sociais, sites e blogs locais, os mais variados. Agora não só as rádios ou alguns poucos comunicadores, mas igrejas, entidades e cidadãos comuns começam a fazer a história de uma nova mídia local, democrática e imergida entre as fronteiras virtuais da internet. E certamente esse movimento ainda irá muito longe!
Diante desses novos desafios, o rádio, herança direta das primitivas radiadoras e que em Itapajé já se adequou à web, não perderá o seu lugar e influência, diferentemente do que ocorreu com as radiadoras e com as emissoras comunitárias de pequeno alcance. Pelo contrário, acredito francamente que temos espaço até para mais emissoras, destinadas a públicos específicos, como por exemplo, uma emissora de conteúdo majoritariamente voltado à espiritualidade cristã. Vou mais longe: acredito que, em questão de alguns anos, poderemos dar maiores passos na evolução da nossa mídia local vendo, quem sabe, surgir a TV comunitária local ou, no mínimo, TVs locais via internet. Já existem experiências nesse sentido. É uma tendência que se segue, no mundo inteiro. Se estivesse vivo, com certeza o Moreira ficaria empolgado com a idéia de se ver na telinha.
Que Deus nos abençoe!
Cesário C. N. Pinto
Itapajé - Ce, 26 de Setembro de 2011.
Agradecimentos:
José Colombo Pinto (Depoimento sobre o Moreira)
Lourdes Pinto (Depoimento sobre o Moreira)
Marta Moraes (Informações sobre o rádio local)
Anchieta Sávio (Informações sobre o rádio local)
Patrícia Barbosa (Sobre a primeira transmissão da Guanacés)
7 comentários:
Parabéns pela matéria e principalmente por ter lembrado desta figura ímpar que foi o velho MOREIRA e sua inesquecivel radiadora, quando criança andava muito no seu bar para trocar as tampas dos refrigerantes: pepse, mirinda, teem e guaraná wilsom
, pelas miniaturas em plasticos dos super heróis batmam, robin, supermam, mulher maravilaha e outros. Mas a canção do silêncio era sua marca. E hojé ainda ouço esta canção só que tocada na corneta, quando falece um companheiro de farda.
Luciano
Macapá-Ap.
Mestre Cesário, honra a quem honra, parabens por este blog maravilhoso, que Des continue te usando em sabedoria e palavra para que em ti o mundo possa ver a diferença do qu serve a Deus e do que não serve. A paz do Senhor Jesus amado...
Nele, por ele e para ele
com amor, carinho e eterna gratidão
Mário Albuquerque
Belíssimo trabalho Cesário !!
E o nobre amigo Luciano é antigão! Ainda conheceu a Miranda!
Cesario, você esta de parabéns por este blog riquissimo de informações sobre nossa cidade. Gostaria de ver na série TUNEL DO TEMPO - fotos, a historia da Escola Estefania Matos. Sempre estudei lá, mas não tenho nenhuma lembrança, que bom seria relembrar esta escola tão especial.
Não sei se vc sabia disso, mas, à título de curiosidade, Dr. Bastos comprou a concessão de sua rádio do Dr. Márcio Moreira, médico de Itapipoca. Este ganhou 5 concessões de rádio em editais da Anatel - Itapipoca, Itapajé, Canindé, Miraíma e Acaraú - e vendeu Itapajé e Canindé.
Cesário,nasci 02 após a morte do Moreira,bem você na verdade não como chegar a encontrar para mim áudios que contenham a voz dele não?
Foi ótimo ver o registro do Moreira. A gente ouvia tudo na praça do centro, perto do Clube.
É um fato da minha infância, quando passava por Itapajé para minhas férias na Serra, na Soledade. Israel Matos
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