terça-feira, 19 de abril de 2011

SÉRIE SEMANA SANTA – QUEM NÃO TIVER PECADO...

“Os mestres da lei e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher surpreendida em adultério... e disseram a Jesus: "Mestre, esta mulher foi surpreendida em ato de adultério. Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres. E o senhor, que diz? "... Ele se levantou e lhes disse: "Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela". Os que o ouviram foram saindo... Então Jesus pôs-se de pé e perguntou-lhe: "Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou? " "Ninguém, Senhor", disse ela. Declarou Jesus: "Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado".” (João 8:3 a 5, 7, 9 a 11)

Os religiosos tentaram mais uma vez experimentar Jesus quanto à Lei de Moisés. Segundo as instruções da Lei religiosa dos judeus, uma pessoa pegue em flagrante de adultério deveria ser apedrejada até a morte, para assim eliminar o pecado do meio de Israel, algo parecido com o que acontece hoje com muitos cristãos perseguidos em países mulçumanos, por serem considerados “blasfemos”, ao se recusarem a seguir a religião islâmica. Na época de Jesus, numa sociedade indiscutivelmente patriarcal como a judaica, o peso da pena somava-se ao fato das mulheres serem discriminadas, reduzidas a uma segunda categoria de pessoas, onde também eram incluídos os escravos e os estrangeiros, especialmente os samaritanos. 



Os fariseus põem então Jesus à prova e lançam sobre Ele a responsabilidade pela vida ou morte daquela “pecadora”; entretanto todo esforço daqueles homens cai por terra, quando mais uma vez Jesus invoca seu poder sobre a consciência humana, declarando: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”. Foi o suficiente. Todos os acusadores se dispersaram, um a um, começando pelos mais velhos. Mais uma vez Jesus foi “Pessach”, “Páscoa”, “Passagem” de uma velha vida para uma nova existência, agora para uma mulher, talvez descabelada, quem sabe enrolada num lençol e aos prantos.

Há alguns anos, sempre que a questão do pecado é por mim refletida, levo em consideração três formas: a maldade, a fraqueza e a omissão. Acredito que a grande maioria das ofensas cai em um desses aspectos. Os fariseus, ao apresentarem a “pecadora” a Jesus, não o fazem simplesmente por zelo ao cumprimento da sua Lei religiosa, mas numa tentativa de levarem Jesus à contradição, além de não demonstrarem qualquer forma de compaixão àquela mulher. O fazem por MALDADE. Já a mulher flagrada em adultério é o clássico exemplo da FRAQUEZA humana diante da vida, dos sentimentos ou de qualquer impulso que nos leva pelos caminhos da angústia e do pesar. E finalmente a OMISSÃO, que muitas vezes vem carregada de desamor ou injustiça, como na parábola do bom samaritano, de Lucas 10, onde religiosos se omitiram a amparar um viajante ferido.

Jesus não conheceu a maldade, pois sua compaixão pela mulher que cometeu adultério ficou mais do que evidente: "Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado". Jesus não provou a fraqueza em pecado, pois não cedeu às artimanhas diabólicas dos fariseus, mas manteve-se fiel aos seus princípios. Jesus não conheceu o pecado da omissão, lançando-se numa disputa de vida ou morte para arrancar a “pecadora” do “vale da sombra da morte”. E hoje, o que fazemos? Nossa maldade não nos permite ser-mos compassivos ante a fraqueza do próximo? Falta-nos maior gratidão ao Senhor por Ele compreender nossas fraquezas? Nossa omissão ainda faz o Senhor clamar “tive fome e não me destes de comer”?


Que Deus nos perdoe!

Um forte abraço,

Cesário C N Pinto.

Itapajé - Ce, 19 de Abril de 2011.

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