Creio no Deus da vida e não da morte.
Do Amor e não do ódio,
Da paz e não da guerra,
Da harmonia e não do caos.
Da comunhão e não da solidão.
Creio no Deus que criou o Éden e não Auschiwitz,
Que mandou o mar abrir, e não destruir com tsunamis,
Que ordenou o amor, e não a invasão do Iraque,
Que fez da terra um santuário e não mora nos templos,
Que não se vende ao suborno das devoções.
Não creio em um deus que precisa destruir o Haiti para chamar atenção para si,
Matar Zilda Arns para dizer: “Hei eu estou aqui”!
Destruir World Trade Center por mãos terroristas para punir americanos.
Castigar o Brasil com secas e alagamentos.
Afinal, os grandes e poderosos que mereceriam sua correção,
Estão sobrevoando áreas alagadas em seus jatinhos e helicópteros,
Banqueteando-se com finas iguarias enquanto o mundo perece pela fome,
Deleitando-se em suas mansões enquanto sem tetos se enrolam em plásticos e disputam um espaço sob os viadutos.
Não creio em um deus que se revelou a um só povo,
Que privilegiou uma nação em detrimento de outras,
Que falava em hebraico, escrevia mal em grego, e só recebia orações em latim,
Que criou o mal para mostrar o quanto é bom,
Que nos deu a excelência da razão para que abdicássemos a ela.
Creio num Deus quiçá perplexo diante dos gritos e escolhas irracionais que dizem “morra o Nazareno e viva Barrabás”,
Que viu o que é ter a justiça negada quando julgado e condenado pelos tribunais dos homens,
Que se tornando vítima de sua própria criação, decidiu livremente - assumir o erro no qual nos tornamos - solidarizando-se com o que somos.
Que restringido pela outorga de nossa liberdade, não podendo abolir a cruz, estendeu-se para morrer sobre ela, tornando-se assim - pelo menos - moral e eticamente digno de comungar com os que sofrem, como se todas as almas estivessem reunidas em um só corpo...
Que não podendo ab-rogar a morte, morreu a dele e a nossa, limitado até as fronteiras do fim do ser, reassumindo então o controle pelo retorno à vida na Ressurreição.
Darckson Lira.
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