“Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos,
Cesário C N Pinto.
dizendo-lhes: "Vão ao povoado que está adiante de vocês; logo encontrarão uma jumenta amarrada, com um jumentinho ao lado. Desamarrem-nos e tragam-nos para mim.
Se alguém lhes perguntar algo, digam-lhe que o Senhor precisa deles e logo os enviará de volta".
Isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta:
"Digam à cidade de Sião: ‘Eis que o seu rei vem a você, humilde e montado num jumento, num jumentinho, cria de jumenta’ ".
Os discípulos foram e fizeram o que Jesus tinha ordenado.
Trouxeram a jumenta e o jumentinho, colocaram sobre eles os seus mantos, e sobre estes Jesus montou.
Uma grande multidão estendeu seus mantos pelo caminho, outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam pelo caminho.
A multidão que ia adiante dele e os que o seguiam gritavam: "Hosana ao Filho de Davi! " "Bendito é o que vem em nome do Senhor! " "Hosana nas alturas! "
Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou agitada e perguntava: "Quem é este? "
A multidão respondia: "Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia".
Jesus entrou no templo e expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas,
e lhes disse: "Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; mas vocês estão fazendo dela um ‘covil de ladrões’".
Os cegos e os mancos aproximaram-se dele no templo, e ele os curou.
Mas quando os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei viram as coisas maravilhosas que Jesus fazia e as crianças gritando no templo: "Hosana ao Filho de Davi", ficaram indignados,
e lhe perguntaram: "Não estás ouvindo o que estas crianças estão dizendo? " Respondeu Jesus: "Sim, vocês nunca leram: ‘dos lábios das crianças e dos recém-nascidos suscitaste louvor’? "” (Mateus 21: 01 ao 16)
Jerusalém terá seu cotidiano alterado com a tão esperada vinda do badalado Jesus, de Nazaré. Não era a primeira vez que ele visitava Jerusalém, mas havia nas pessoas uma expectativa ainda maior que das vezes anteriores. O quê esperar dessa vez do carpinteiro que virou “profeta”? Era o que os judeus habitantes da grande capital religiosa aguardavam. Seriam mais curas, prodígios? Delataria a hipocrisia e injustiça dos religiosos fariseus? Mudaria seu discurso de conversão e justiça para um mais libertário e político, ao gosto dos zelotes? Alfinetaria os saduceus e suas crenças muito mais filosóficas do que de Fé?
Numa soma de alvoroço, expectativa e quase numa convulsão social de sentimentos, curiosidade e fé, homens, mulheres e crianças seguem espalhando uns aos outros: “- O Galileu está chegando!”, “- Jesus de Nazaré se aproxima!”; e os mais exaltados externavam, quase num espírito de provocação ao Templo: “- É o Messias, é o Ungido de Elohim!”; Ouve-se gritos, correria, pãos asmos deixados no forno começam a queimar... Num sentimento carregado de religosidade e reverência por alguém tão conhecido e tão aclamado pelos peregrinos que ali chegavam para seus ritos de fé, os moradores e estrangeiros recolhem ramos das palmeiras e quando menos se espera o tumulto se generaliza, até apontar o Homem que entra pelos portões da cidade montado num jumentinho... Alguém grita: “- Hosana ao Filho de Davi”, uma expressão que todos ali sabiam bem o que significava e que passa a ser pronunciada em côro. Soldados romanos ficam atordoados e não sabem qual o plano dos judeus dessa vez... Seria mais uma conspiração e revolta contra César? Dezenas deles vão se amontoando junto aos pobres, crianças, mulheres, comerciantes e religiosos... Somente param quando, perplexos, vêem um homem empoeirado sendo aclamado por uma multidão... Trazem ramos nas mãos ao invés de facas... “- Gente doida esses judeus...”, pensam os soldados. Religiosos fariseus sentem o orgulho ferido, numa mistura de raiva, inveja e medo... O quê dizer ao governador Pilatos?
O dia ainda não havia acabado e o Galileu ainda era o principal assunto nas praças e rodas de conversas entre amigos, famílias e namorados, quando a notícia de um novo tumulto se espalha pelos arredores da Cidade Santa e circunvizinhança: Jesus de Nazaré denuncia a corrupção comercial existente no Templo, há décadas conhecida, mas sempre atenuada pelo silêncio; moedas caem, pombos voam, botijas se despedaçam... Como o governador não saberá dessas coisas? Jesus derruba toda tentativa de detê-lo com uma cortante denúncia: “- Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vocês estão fazendo dela um covil de ladrões!” – Como esconder tamanha verdade pronunciada com tanta autoridade? Faces nervosas e raiventas caem cabisbaixas diante da consciência que lhes alega tamanha ofensa ao Culto Sagrado.
Aumenta a aglomeraçãoem torno do “Filho de Davi”, crianças gritam incomodando a todos que querem ver os sinais feitos pelo Nazareno, especialmente os religiosos do Templo, não acostumados com tamanho desassossego e espontaneidade. Os sinais começam. Palmas, adultos gritam, externando sua perplexidade. Um curado. Dois. Três. Passa de uma dezena. Cegos, aleijados, mancos. É incrível! Algo assombroso. Somente corações faraônicos não percebem que era chegada a verdadeira Páscoa. Não seria mais o Mar Vermelho, mas o Mar da Morte, que seria atravessado pelo Cordeiro. Era chegada a Páscoa, a Passagem, da morte para a Vida.
Deus nos abençoe!
Um forte abraço,
Cesário C N Pinto.
Itapajé - Ce, 17 de Abril de 2011, Domingo de Ramos.
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