domingo, 21 de janeiro de 2018

SÉRIE HISTÓRIA CRISTÃ: SAMUEL LAMB


Samuel Lamb (ou Lin Xingiao, em chinês) nasceu em 1924, de pais cristãos chineses, em uma área montanhosa com vista para Macau, na costa sul da China continental. Seu pai pastoreava uma pequena Igreja Batista; logo, Lamb foi criado como cristão. Iniciou suas pregações quando tinha 19 anos.

Em 1955 ele foi preso pela primeira vez; sua sentença durou quase dezoito meses. Em 1958, ele foi novamente preso e acabou atrás das grades por vinte anos. O governo costumava proibir líderes cristãos de pregar sobre a segunda vinda de Cristo e ensinar menores de dezoito anos de idade. A teologia de Lamb desafiou o governo e os participantes de sua igreja, bem como outros Cristãos dentro e fora da China. Ele ensinou que os cristãos devem obedecer ao governo, a menos que os líderes se opusessem diretamente a Deus com a aplicação de sua lei. "As leis de Deus são mais importantes que as leis dos homens", ele costumava dizer.



O pastor Samuel Lamb viu sua esposa pela última vez durante os cinco meses em que esteve em prisão preventiva; ela morreu em 1977, um ano antes do término da sentença dele. Após a sua libertação, ele retomou seu trabalho como pastor, durante o qual ele foi capaz de testemunhar o crescimento exponencial da Igreja Chinesa. Em 1979, ele começou sua igreja nos lares em 35 Da Ma Zhan, em Guangzhou. A frequência cresceu rapidamente e ele teve que mudar sua congregação para um prédio maior, na mesma cidade. Hoje sua igreja nos lares urbana ainda não é registrada, mas tolerada pelas autoridades.

O sofrimento desempenhou um papel importante em muitos dos sermões de Lamb. Ele era famoso por repetir: "Mais perseguição, mais crescimento". Essa frase não tinha apenas a ver com o número de crentes, mas também com o crescimento espiritual. Sobre ela ele explicou certa vez: “Antes de ser preso, em 1955, a igreja possuía 400 membros. Quando fui solto, em 1978, a membresia aumentou para 900 em questão de semanas. Então, em 1990, quando tudo foi confiscado e a igreja foi fechada, quando reabrimos, algum tempo depois, estávamos como 2 mil membros. Mais perseguição, mais crescimento. Essa é a história da Igreja na China.” 

Lamb viu que a China mudou nas últimas décadas e que aos cristãos foi concedida mais liberdade. Ele ainda queria ter certeza que os cristãos não assumiriam facilmente que nada vai acontecer com eles. Apesar de sua congregação ainda ser ilegal, ela não foi invadida por anos, mas ele sempre se manteve cauteloso sobre o governo. Ele sempre avisou: "Temos de estar preparados para sofrer. Devemos estar preparados para o fato de que podemos ser presos. Antes de ser enviado para a prisão já preparei uma mala com algumas roupas, sapatos e uma escova de dentes. Quando eu tinha que ir para a delegacia de polícia, eu poderia simplesmente buscá-la. Eu estava pronto. As pessoas ainda estão sendo presas. Você não sabe o que vai acontecer amanhã. Hoje, as autoridades não estão nos incomodando, mas amanhã as coisas podem ser diferentes. Oro para que recebam a força para se manter firme."




Para chegar à igreja do Pastor Lamb, em Guangzhou hoje, você tem que ziguezaguear pelas ruas estreitas da cidade. Não é uma igreja isolada, mas simplesmente um bloco de casas de três andares. Em um bloco vizinho, mais dois andares também servem como parte da igreja. Sua memória costumava ocasionalmente deixá-lo para baixo, mas com um largo sorriso no rosto, ele recebia regularmente os visitantes internacionais à sua igreja nos lares: viajantes, jornalistas, cônsules e outras pessoas de alto escalão.

O pastor Samuel Lamb, viveu até seus 88 anos, tendo falecido em três de agosto de 2013. Era ainda líder e pastor da sua igreja doméstica, dando estudos bíblicos todos os domingos. Seu sorriso brilhava em seu pequeno corpo, que sofria de uma deficiência crônica resultante dos 23 anos de prisão. “Deus me dá a força que eu preciso”, diz ele. Ele nunca saiu da China, temendo que, se viajasse, as autoridades não o deixassem voltar. Aprofundou seu ministério e mostrou que Deus foi mais glorificado por meio de sua doença e pobreza do que através da saúde e da riqueza. Os cristãos viajavam milhares de quilômetros para conversar sobre ministério com o pastor Samuel. Sua igreja em Guangzhou, na China, reunia cerca de 4 mil membros a cada semana.

Sua morte deixa uma lacuna na Igreja Chinesa. Juntamente com outras figuras de renome como Wang Mindao e Allen Yuan, ele simbolizava a bravura de uma Igreja que cresceu a uma velocidade sem precedentes na história mundial.

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