A
expansão das redes sociais no Brasil, em especial o Facebook, é um dos fatos
que mais marcam a evolução da internet no nosso país nos últimos anos. Em um
rápido processo de adesão, milhões de brasileiros se habituaram a entrar em conexão
cotidianamente com familiares, com amigos antigos e amigos novos e, de forma
célere, aprenderam a usar os mais variados mecanismos propostos pela rede,
compartilhamento de fotos e vídeos, participação em grupos de discussão, etc. Entretanto,
o que caracteriza um povo em seu processo evolutivo não são apenas as
estratégias e hábitos de comunicação. Na verdade, a educação e a formação sócio-cultural é o que define o quê e quem
realmente somos.
Vemos,
nos últimos meses, uma crescente e constante campanha, penso eu, não
sistematizada, porém constante, contra tudo que represente fé e crença pessoal,
em especial de caráter cristão. E isso parte de todos os tipos e gêneros de
pessoas, teístas ou não. Valendo-se de comportamentos individuais, ilegais e
imorais de sujeitos pouco credíveis, que usam a fé em detrimento da ingenuidade
ou generosidade alheia, crescem na rede os perfis que visam apenas achincalhar
a fé. Usando de uma falsa intelectualidade e esnobismo, além de soberba,
orgulho e perceptível amargura, indivíduos criam páginas no Facebook com o
único intuito de denegrir as crenças religiosas praticadas por milhões de
pessoas. Alguns destes, que se auto-intitulam neo-ateístas, mas que não passam
de religiosos frustrados que pouco conhecem do genuíno ateísmo, agem como
“meninos” e expõem na rede toda seu amargor contra aquilo que consideram “o
ópio do povo”. E quando esse “ópio” é o cristianismo, o amargor é ainda maior.
Outros, militantes de ideologias políticas e movimentos de libertação social,
lançam contra indivíduos ditos “cristãos” (mas que possuem opiniões e posturas
nem sempre condizentes com a misericórdia e compaixão que caracterizam a
Igreja) uma série de postagens que ultrapassam, em demasiado, o que deveria ser
apenas uma resposta crítica a uma opinião, entrando no âmbito da ironia
perversa e da ofensa à vida pessoal e às crenças religiosas.
Democracia
e liberdade de expressão não se caracterizam apenas por viver e dizer o que se
pensa, mas também por fazer isto com responsabilidade e respeito aos valores e
crenças alheios, criticando-se o que possam ser pontos discordantes, mas sem
ferir a dignidade humana. A Igreja, de forma especial, é a instituição
religiosa que mais vem sofrendo ataques desse nível ultimamente. Os ocidentais
“modernos”, dentre os quais os brasileiros, esqueceram a contribuição que
catolicismo e protestantismo histórico deram nos últimos séculos para a
humanidade. É verdade que, a Igreja, assim como qualquer outra instituição
humana, possuiu e possui pontos a serem veementemente criticados. Sim, a Igreja
possui seus pecados, alguns comunitários, outros individuais, outros
doutrinários. Na verdade, a maioria dos pecados da Igreja se manifesta quando a
Igreja não fixa seu olhar em Cristo (Hebreus 12:2) e em sua misericórdia. Eu
mesmo já critiquei e critico a perspectiva teológica e o comportamento de
alguns “lobos roubadores” (usando as palavras do próprio Jesus), desejando
sinceramente a conversão dos mesmos. Entretanto, é desmedida essa campanha
realizada por muitos, usando como pano de fundo os pecados de líderes
religiosos, como a ganância e o preconceito, mas quando a finalidade é atingir
não apenas os mesmos, mas ferir e atingir toda a Igreja. Enquanto isto, a Jirad
corre o mundo; milhares de cristãos e não-cristãos são presos, torturados e
mortos em países de maioria islâmica, hindu e em regimes “ateus” e
totalitários, como o norte-coreano. Mas isto pouco é propagado e denunciado
pelos movimentos dos Direitos Humanos.
A
Igreja é santa e pecadora, já dizia um antigo conceito teológico. É pecadora,
pois é formada por homens suscetíveis a erros, alguns a grandes erros; santa
porque foi fundada por Cristo, o perfeito fundamento. Apesar de muitos pecados
cometidos no passado (e alguns no presente), apesar de grandes desavenças e
diferenças teológicas (católicos versus protestantes, protestantes versus
protestantes, católicos versus católicos!) a igreja continua sendo uma das
instituições que mais colaboram para o desenvolvimento da humanidade, como
através de suas escolas, universidades, hospitais, orfanatos e fundações. A
igreja (além da determinação pessoal) é, comprovadamente, o veículo que mais
obtêm sucesso no resgate de pessoas contra os vícios do alcoolismo e das
drogas. Exemplo disso é o Desafio Jovem. Enquanto os “novos-ateus”
ridicularizam os crentes na rede virtual, a igreja leva esperança a crianças e muitos
pobres brasileiros, através de instituições como a Visão Mundial, ou apoio aos
que sofrem perseguição em outras nações, como as Portas Abertas e a Voz dos Mártires.
Mesmo
sofrendo, pelos seus próprios pecados e pelas pedradas recebidas, vindas de
fora e até do seu interior, a Igreja permanece, segundo a promessa de Jesus
Cristo. Aos cristãos, cabe receber e aceitar críticas à Fé, vindas de fora ou
de dentro do Corpo, usando-as como reflexão sobre suas ações, valores e
crenças, em um processo individual e coletivo de conversão. Quanto a deboches e
ataques amargurados contra a Fé, devemos considerar que muitos dos grandes
nomes da Igreja foram, em algum momento, inimigos da Fé. Perseveremos em
oração.
Que Deus nos abençoe!
Cesário C. N. Pinto
Itapajé – CE, 18 de Março de 2013.
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