domingo, 13 de junho de 2010

SÉRIE FILOSOFANDO SOBRE... O DESTINO


... O Destino é uma limitação e um condicionamento da liberdade do homem, e nada mais que isso. Para o homem ser livre não é preciso que seja totalmente livre, nem incondicionalmente livre, mas sim que de algum modo, ao menos, seja livre.

Quer dizer que há Destino? – Sim, há Destino, sem a menor dúvida. A vida do homem é, em grande parte, determinada pelo Destino, isto é, por acontecimentos que fogem, completamente, à liberdade humana.
E para que ninguém se admire da afirmação de que “há Destino”, convém perguntar logo aos “admirados”, se eles escolheram, livremente, nascer no século XX, na cidade em que nasceram, em tal condição social, em figura... de homem ou de mulher, feios ou bonitos, inteligentes ou abobalhados, com talento para esta ou para aquela ciência, com gosto para a Arte ou incapazes dela, etc., etc.? Seguramente ninguém foi consultado, antes de nascer, sobre qualquer uma dessas coisas, nem sobre inúmeras outras semelhantes a essas. É que, em tudo isso o Destino é inevitável e não é pelo fato de se mudar o nome para Providência que, nessas coisas, se torna menor a inevitabilidade do Destino.

Mas o Destino não nega nem contradiz a Liberdade do homem. O Destino o que faz é unicamente marcar os limites em que o homem há de exercitar a sua liberdade. Dentro dos condicionamentos do Destino o homem é livre de fazer ou deixar de fazer um interminável número de coisas, das quais a primeira e fundamental é a que podemos chamar de “escolha do sentido moral da vida”.

O Destino é como um navio, que nos leva através de todos os mares da existência. Podemos dentro de um navio, fazer ou deixar de fazer mil coisas diferentes, podemos, livremente tornar a viagem agradável ou desagradável, boa ou má, útil ou prejudicial, mas... enfim, é o navio que nos leva, não somos nós que levamos o navio!...

Fonte: do Eterno e do Efêmero, Filosofia. Fernando de Barros Leal. Universidade Federal de Pernambuco – Imprensa Universitária – Recife – 1967

Nenhum comentário: