terça-feira, 5 de novembro de 2013

ACREDITANDO EM NOSSOS SONHOS (EVANDRO GUEDES)


Meus caros, espero esse texto sirva de mola impulsionadora para que vocês nunca desistam de vocês mesmos! Não somos fortes pela capacidade que temos de vencer, mas sim pela capacidade que temos de sermos derrotados e ainda assim levantarmos a cabeça e continuarmos acreditando em nossos sonhos!
O dia da nomeação!
O ano foi 2006, mas para entender essa história tenho que fazer um breve relato do início. Em 1998 comecei a estudar para concursos e a vida foi me ensinando dia a dia, mês a mês, ano a ano, que nada vem de graça e que a paciência e perseverança têm que ser os pontos de centrais dessa luta pela mudança de vida.
Foram muitos concursos até esse ano, algumas aprovações e muitas reprovações. 2005 foi um ano extremamente atribulado (mas essa é outra história). Entrei 2006 com a certeza que minha vida iria mudar. Passei para Agente Penitenciário Federal e o melhor: Estava nas vagas! Fui o 238 (depois de todas as fases) de 368 vagas. O interessante aqui é que eram 368 vagas e na primeira classificação (antes do físico, médico e psicotécnico) eu era o 368, isso mesmo, o último nas vagas na primeira contagem. Assim, minha “certeza” de que tudo tinha dado certo foi imediata!
O concurso
O edital “apareceu” do nada no início de 2005 e todos com quem conversava falavam que o concurso não valia a pena e que a remuneração era baixa, que o cargo não era para ser policial e que trabalhar com preso era a pior coisa do mundo, bem, pobres meninos e meninas que me davam esse “conselho”, eles não sabiam o que eu passava na policia militar e na vida! Ignorei tudo e todos e fui fazer o concurso, o interessante é que não puder fazer a primeira prova – que foi anulada  (mas essa é outra história).

No dia do concurso (fiz a prova na Unisuam em Bonsucesso no Rio de Janeiro) cheguei ao local da prova cedo e não conversei com ninguém, estava concentrado como nunca. Fui, fiz o simples e tudo que tinha treinado nos simulados. Quando sai da prova a sensação era que eu tinha tomado um fumo de perder o caminho de casa.
Nessa época eu era PHD em tomar pancada da vida, assim, já estava preparado para mais uma reprovação. O interessante é que aquele dia eu tive que sair correndo para ir trabalhar, pois estava de plantão a noite toda. Esse dia foi muito marcante porque eu estava completamente esgotado físico e psicologicamente e para meu azar o oficial do dia estava acordado e assim ficou a noite toda, resultado: Não consegui tirar nem um minuto de cochilo!
No outro dia fui para casa e dois dias depois fui trabalhar novamente, mas agora das 08:00 as 20:00. Por volta das 18 consegui acessar a web e ter acesso ao gabarito provisório. Abri o arquivo e fui corrigindo a prova e a cada questão, a cada matéria, a cada folha a sensação de euforia ia me pegando.
Foram 150 questões modelo certo ou errado e o nome do caderno de provas era “pindorama”! No fim da minha correção eu estava com 89 pontos líquidos! No dia 12/08/2005 acessei a internet e não podia acreditar! Meu nome na web como aprovado e me convocando para as demais fases do concurso!
A espera pela nomeação
Costumo dizer que a vida de quem estuda para concursos é uma grande devoção a algo que acredita muito, pois todo o processo é muito doloroso e as derrotas ficam marcadas na carne. No dia que saiu o resultado e eu descobri que tinha sido aprovado em todas as fases liguei para minha esposa, para o meu pai, para meus amigos, enfim, contei para todos que o grande dia havia chegado, ou seja, o dia da minha aprovação!
Mas sabem, dois erros foram determinantes para o meu sofrimento futuro. Primeiro que eu não tinha ideia que a nomeação iria demorar tanto a sair (extremamente normal) e segundo, que eu nunca deveria ter contato da minha vida e dos meus planos para quem quer que seja!
O primeiro erro!
Hoje passo para meus alunos que o importante é a “posse”, isso mesmo, a posse, pois é aqui que se dá a investidura do cargo e qualquer coisa antes disso é comemoração fora de hora. Um dia após o resultado ter sido publicado na página da banca examinadora a euforia estava presente em cada gesto, em cada emoção que eu expressava. Contudo, o tempo foi passando e a euforia foi se transformando em desespero.
Nessa época eu não tinha internet na minha casa, dessa forma, todos os dias e aqui quero frisar, “literalmente todos os dias”, eu achava um jeito de acessar a net, seja na casa de um amigo, de um parente ou mesmo em uma lan house. Nessa fase, eu acordava pensando no dia que iria viajar de avião pela primeira vez! Pensava como seria ganhar mais e conhecer Brasília, pensava no curso de formação e de como minha vida enfim iria mudar.
Mas os meses foram passando e nada da nomeação sair. Eu só tinha dois ambientes na web, que era um fórum de discussão e a página da organizadora. Aprendi a sofrer todos os dias dessa forma mas o legal é que nunca parei de estudar e quanto mais demorava a sair a bendita nomeação, mas eu ficava compulsivo nos estudos!
Um belo dia – três meses após o resultado final – eu estava na universidade (estava no segundo curso e agora cursava direito) e por volta das 10 horas acessei o site e quando dei um F5 lá estava a convocação! Foram dois momentos distintos, o primeiro reflexo foi dar um grito, o segundo foi chorar, pois eu era o 238 da lista de aprovados e na primeira chamada só foram os 200 primeiros colocados! Resultado: Um balde de água fria!
Voltei para casa e conversei forte com minha esposa sobre como iriamos fazer. Nessa época as coisas estavam terríveis financeiramente e estávamos a beira de perder nossa casa, pois não estávamos pagando havia anos (o que de fato aconteceu logo após!). Essa história se repetiu por mais longos 5 meses até que um dia:
Um dia – mais precisamente em uma segunda feira – sai de casa sem pretensão alguma de ser nomeado. Já fazia tanto tempo que eu estava a procura da nomeação que nem me dei conta que em todo concurso que eu fazia eu passava e tudo nas vagas, mas nem isso me animava, pois o que contava na verdade naquela fase era sair da merda que eu estava! Nessa segunda, acordei cedo e tentei ligar meu golzinho 1989 (aquele mesmo,que não tinha tanque de gasolina, mas andava com GNV!) e para variar o guerreiro não ligou e eu estava tão na merda que também não “liguei”.
Entrei em casa e montei na minha bicicleta ranger (que bicicleta feia!). Depois disso, pedalei por um 10 quilômetros até chegar ao centro da cidade, chegando lá fui direto na lan house, abri o navegador e entrei na página e foi então que tudo aconteceu! Meu Deus, estava lá, isso mesmo, meu nome, meu nome estava lá escrito na página da banca examinadora! Dei um grito e sai correndo para contar para minha esposa, mas como não tinha celular e nem tinha telefone em casa, sai em disparada pedalando feito um louco para poder contar que tudo tinha dado certo!
Meus caros leitores, foram os 10 quilômetros mais empolgantes da minha vida!
O segundo erro
 Desse segundo erro saiu a frase mais marcante que já construí:
 “Quanto menos pessoas souberem da sua vida e de seus projetos, mais feliz e bem sucedido você será!”
Fui cair na besteira de contar a todos que conhecia que tinha passado no concurso, o que eu não sabia é que as pessoas iriam torcer até o limite (com exceções) para que as coisas dessem errado! Dentro do meu local de trabalho – na polícia militar – virei o mentiroso do ano, pois como pode passar em um concurso e “nunca” ser chamado! Como pode alguém estudar tanto e tanto tempo sem passar em nada ou pelo menos “falar” que passou!
Foram dias tensos, foram dias de luta, foram dias que só não me arrependo pois  hoje posso contribuir para que milhares de pessoas não errem da mesma forma!
Conclusão: A nomeação saiu e as coisas foram clareando em minha vida. As regras desse concurso eram diferentes e não existia curso de formação e sim curso de capacitação, ou seja, já entrei nomeado, empossado e em exercício. Em um mês eu ganhava R$ 900,00 reais (mais da metade disso ia para pagar empréstimo e eu quase não tinha remuneração) e no outro (contanto as diárias de Brasília) já estava recebendo mais de R$ 7.500,00 reais.
Para viajar e pode andar de avião pela primeira vez na vida, vendi meu golzinho 1989 que tanto me ajudou por R$ 800,00 reais, paguei a passagem e ainda sobrou dinheiro para eu me manter na semana antes de assinar minha posse!
Foram dias que nunca mais esquecerei e a cada aprovação (foram 12 no total) meu coração se enche de orgulho e eu entendo que nada veio sozinho, pois o apoio do meu Deus foi muito forte e tudo que aconteceu por obra Dele e somente por Ele estou aqui podendo compartilhar essa história com vocês!
Professor Evandro Guedes
Fonte: AlfaCon

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