terça-feira, 6 de julho de 2010

FILOSOFANDO SOBRE A SITUAÇÃO



Que significa ou ao menos que pode razoavelmente significar dizer que a “situação” influencia na moralidade dos atos humanos, se não o mesmo que sempre se disse, isto é, que a moralidade dos atos humanos não provém só da natureza mesma do ato, mas também, da intenção do agente e das circunstâncias? – Isto e só isto pode significar a “moral da situação”.


Disse Cristo dos fariseus que os tais “se engasgavam com um mosquito e engoliam camelos”. É que os fariseus fechavam os olhos para a malícia intrínseca de atos que são sempre maus e que nunca podem ser bons, como por exemplo, o ato de caluniar, e se escandalizavam com atos cuja moralidade depende da “situação” em que são realizados, e que, portanto, só podem ser julgados pela consciência do próprio agente e por quem tem da “situação” um conhecimento completo e perfeito, isto é, Deus!

Há, portanto, atos humanos sempre maus, como há atos humanos sempre bons. Mas há outros que são, em abstrato, indiferentes. É a moralidade destes atos humanos indiferentes, em abstrato, que, em concreto, é determinada pela “situação”.

Fonte: do Eterno e do Efêmero, Filosofia. Fernando de Barros Leal. Universidade Federal de Pernambuco – Imprensa Universitária – Recife – 1967

Nenhum comentário: