terça-feira, 12 de maio de 2009

CRIANÇAS: O PROTÓTIPO DO REINO DE DEUS NA TERRA


“Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?
E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles.
E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.
Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.
E quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe.
(Mateus 18:1-5)

Trouxeram-lhe, então, algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse; mas os discípulos os repreendiam.
Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus.
E, tendo-lhes imposto as mãos, retirou-se dali.
(Mateus 19:13-15)


O que essas passagens tem a nos ensinar é muito mais profundo e universal do que se pode imaginar. Os discípulos, com seus olhos humanos, ainda viam o Reino de Deus sob a ótica do poder (o que ainda acontece na grande parte das instituições ditas cristãs), reino esse que se podia, segundo a noção deles, ser alcançado pela perspicácia, pela “luta de classes”, pela guerra ideológica (ou teológica)... quem era o MAIORAL, quem MANDAVA no reino dos céus...era uma pergunta que talvez disfarçava ainda outra indagação: “o que esse ele FEZ para ser o maior?”


Jesus, como sempre, vendo a pequenez humana diante de tal interrogação, CHAMOU uma criança; na passagem seguinte ele diz que não impeçam os pequeninos de virem até a Ele, pois dos tais é o Reino.

Ele não perguntou a idade da criança.

Não perguntou se era menino ou menina.

Não indagou a sexualidade-afetividade do infante.

Não entrou em detalhes, se era aleijada, autista, hermafrodita ou débil mental.

Não suscitou dilemas sobre cor, se era negra, branca, parda, amarela.

Não polemizou sobre a raça do pequenino, se era judeu, samaritano, grego ou latino.

Não indagou se era filho de sacerdote, ou de um soldado, ou de um padeiro, ou de uma prostituta.

Não especificou se era pobre, “classe média” ou moradora do Palácio Pretoriano.

JESUS SIMPLESMENTE CHAMOU UMA CRIANÇA.

Ele não disse: “Venha criança, que eu mudarei a sua vida, me aceite!!!”

Jesus não afirmou: “Venha criança que eu vou lhe curar, libertar, vou te fazer ser uma “criança normal” e feliz!”

JESUS NÃO FEZ NADA DISSO!

Então será que tudo isso tinha realmente alguma importância para Jesus?

Se o próprio Senhor não argumentou sobre esses aspectos meramente humanos, porque então damos TANTA IMPORTÂNCIA para tudo isso? Será que realmente importa? Ou estamos querendo ser MAIORES que o PRÓPRIO JESUS no Reino dos Céus???

Ainda sem querer conhecer o “histórico” ou as “credenciais” das crianças que vinham até à Ele, simplesmente declara: O Reino de Deus é delas! Não importa o que são, o que tenham, o que sofrem ou deixam de sofrer, não importa seu humor, habilidades, defeitos e nem mesmo com que brinquedo gostam de brincar!

“Nada disso importa! O Reino é delas e para elas e pronto!”

E a nós, que nos importamos com aquilo que Jesus não dá a importância que damos, talvez porque expomos em ferida aberta a nossa auto-justiça, ou “auto-santidade”, que nada mais é que soberba, vaidade, ou simplesmente um “não-se-toca”, conforme Paulo afirma em Colossenses, sim, a nós, que só falamos nos “galardões” que iremos ganhar no “Reino”, e ao mesmo tempo barramos as crianças do Reino... à nós o Senhor declara que somente crianças entram nos Céus...os adultos com as suas teologias, éticas, morais, filosofias, liturgias e ritos impecáveis ficam de fora, mesmo achando que estão dentro!

Jesus ainda declara que os que se humilham como uma criança, entram no Reino, porque o que se humilha criança é, e no Reino está, mesmo achando que está fora! E que humilhação é essa? É simplesmente a humilhação de reconhecer a si próprio como uma criança, e sua total impossibilidade de mudar esse fato.

Jesus ainda prega que quem receber aos pequeninos, em nome Dele, está recebendo à Ele próprio. Pergunto-me: quantas vezes nós, EM NOME DELE, rejeitamos tantas “criancinhas”, achando com isso estar prestando um “culto de santidade” a Deus?!

Por fim, Jesus impõe as mãos sobre as crianças e as abençoa. Novamente sem perguntar sobre quem sejam, Ele, sendo o próprio Deus, as abençoa, as toca com as mãos.

Deus nos abençoe!

Um forte abraço,

Cesário C N Pinto.

Itapajé - Ce, 11 de Maio de 2009.

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