quinta-feira, 9 de abril de 2009

A RESSURREIÇÃO DO SENHOR: O CENTRO DA FÉ CRISTÃ



O famoso Credo Apostólico afirma o seguinte:

“Creio em Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo poder do Espírito Santo, e nasceu da Virgem Maria. Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao lugar dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus; e está sentado à direita do Pai. Voltará para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo, e na vida eterna. Amém.”

Os cristãos primitivos, oriundos das primeiras colheitas promovidas pela evangelização dos Primeiros Apóstolos, incluindo aqui o imenso trabalho do apóstolo Paulo no mundo greco-romano, passaram a celebrar tradicionalmente dois momentos salutares dentro da comunidade cristã; a primeira celebração era, segundo a Bíblia, o Dia do Senhor, promovido sempre no primeiro dia da semana, no domingo, com um culto cristão seguido da Ceia Ágape, normalmente realizados em ambientes domésticos. Além da celebração do Dia do Senhor, que era semanal, a igreja também em determinada data anual celebrava o Domingo da Ressurreição, normalmente celebrado no período da Pessach dos judeus.


Ambas as comemorações, o Dia do Senhor que era semanal e o Domingo da Ressurreição, que era anual, serviam como fortíssimos elementos para a Fé daqueles primeiros cristãos. Isso porque ambas as celebrações comemoravam a Ressurreição de Jesus Cristo. Dá-se a entender, assim, a importância que a comunidade cristã dos primeiros séculos deu à ressurreição como ponto central para suas crenças.

Ao imaginar-mos o dia-a-dia daqueles primeiros cristãos iremos entender a importância cúltica, tanto litúrgica como de convicção de Fé em torno da esperança de uma nova vida após a morte. Isso porque era a esperança de uma nova existência longe da terrível perseguição que o governo romano impôs à seita dos Nazarenos, onde milhares foram humilhados, separados do convívio da família, presos, torturados das maneiras mais animalescas possíveis. O imperador Nero, por exemplo, capturava cristãos, prendia-os lambuzados de piche no alto de um poste e ateava fogo, servindo assim aquela barbárie de “iluminação” para as noites do palácio imperial; isso sem falar-mos de cristãos que foram serrados ao meio, jogados aos leões, crucificados, cozinhados em grandes caldeirões cheios de óleo fervente. Entendemos assim porquê era tão forte a esperança e fé dos primeiros cristãos em torno da crença de uma nova vida, distante de um mundo tão cruel e pervertido, como o do império romano.

Com o passar dos séculos, a igreja que antes era um movimento perseguido, passou a ser a grande máquina estatal da Idade Média e junto com isso o cristianismo passou a adquirir uma serie de adaptações, conceitos, dogmas, encíclicas e tradições. O que antes era comemorado como o Domingo da Ressurreição coincidentemente celebrado durante a Pessach judaica passou a ser o domingo de “Páscoa cristã”, ainda acrescentado de uma longa série de ritos e simbologias, dentre os quais símbolos de origem declaradamente pagã.

Apesar de todos os acréscimos estranhos aos primeiros anos da Fé Cristã, ainda me apego pessoalmente à dois pontos bem interessantes: a Pessach como princípio de conversão e a Ressurreição de Jesus, como símbolo do resgate divino em prol dos fiéis. Pessach é uma palavra hebraica, que ao ser traduzida teria como significado algo como “passagem”. É a Páscoa dos judeus. Remonta do episódio da saída dos hebreus da escravidão do Egito rumo à Terra Prometida por Iaveh ao patriarca Abraão. Na época, a festa instituída pelo patriarca Moisés ocorreu na véspera da saída do povo no Egito, que fugiram na famosa travessia do Mar Vermelho, ou seja, uma verdadeira “passagem” da escravidão para a liberdade, da velha vida para uma vida nova.

Assim, os cristãos antigos passaram a utilizar esses elementos históricos judaicos como representação, como sombra do que a Fé Cristã na Ressurreição do Senhor significava para eles. Crer em Jesus, em Sua Morte e Ressurreição significava uma Pessach, ou seja, uma nova e verdadeira “passagem” para uma vida nova, uma “metanóia”, do grego “conversão”, uma mudança em seus princípios, valores e crenças. Significava acima de tudo a fé na ressurreição corpórea e na vida eterna, crenças essas tratadas com muito desdém, tanto pelo mundo mítico da religião pagã quanto pela religião judaica tradicional.

Quero finalmente concluir, não com conceitos históricos ou teológicos, mas simplesmente com o principio básico da nossa Fé Cristã, que é: se Cristo morreu e ressuscitou, então nós, que cremos nEle e aguardamos Sua Vinda, também juntamente com Ele ressuscitaremos. Assim, faça de cada dia da sua vida uma Pessach, um tempo de conversão e compreensão do que seja a Ressurreição de Nosso Senhor. Assim seja!

Deus nos abençoe!

Um forte abraço,

Cesário C N Pinto.

Itapajé - Ce, 09 de Abril de 2009.

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