Estava recentemente fazendo a minha caminhada costumeira e comecei a notar o grande número de construções sendo erguidas na sede do município. Também durante uma visita que fiz a uma determinada igreja, o pregador da noite, que estava à passagem pela cidade, procurou salientar aos ouvintes sua admiração ao passar pelas ruas onde, nas PALAVRAS dele, “não VIU miséria, mas em todas as casas visitadas viu famílias supridas, abençoadas”. Talvez alguém até conteste a sua afirmativa de “não haver miséria” em Itapajé; particularmente entendo que miséria, ao qual o pastor se referiu, é diferente de pobreza, e essa sim existe em qualquer lugar do mundo. Vendo esses fatos e com a aproximação do aniversário de Itapajé, resolvi escrever alguma coisa sobre a nossa cidade, algo diferente do que habitualmente as pessoas têm escrito e publicado em sites e blogs locais. Uma mensagem de otimismo.
Por natureza não sou otimista em relação aos acontecimentos da existência. Qualquer pessoa que conheça a visão cristã sobre os “dias finais” também não pode se dá ao luxo de crer que viveremos aqui em paz, harmonia e perfeita justiça. Pelo contrário. Todos os dias, enquanto o “fim se aproxima”, somos injustiçados (eu conheço bem esse sentimento) como também praticamos a injustiça contra o nosso próximo e até contra quem está mais distante de nós. Entretanto, em meio a toda essa nuvem obscura que é a existência humana na terra, também não me faço passar por pessimista gratuito, que é uma visão ainda naturalmente pior que à de quem imagina um mundo revolucionário, utópico, ou de “maravilhas”. Assim, tento ver as coisas como elas são, de forma clara, realista, sem aumentá-las ou diminuí-las; como diria o imperador romano Cláudio, citando seus conflitos com o poder: “um verdadeiro historiador se coloca sempre muito acima das perturbações políticas de seu tempo”. Quem assim não o faz (e como tem gente assim no nosso Itapas!) age tendenciosamente e incorre no erro de tentar reescrever um contexto histórico e, a esses, quase sempre não lhe sobra espaço na História.
Escrever sobre Itapajé pode render linhas que registrem muito sobre sua cultura, história e sociedade. Entretanto, quero me ater a dois aspectos bem simples e que passam quase que imperceptíveis, apesar da importância que possuem: nossas formas de VER e de FALAR sobre a nossa comunidade.
COM QUE OLHAR VEMOS A NOSSA CIDADE?
Como disse no início do texto, vejo diariamente uma imensa quantidade de construções civis sendo realizadas em Itapajé. Vejo milhares de pessoas movimentando a indústria e o comércio, que cresce numa velocidade impressionante. Há vinte anos éramos uma comunidade onde praticamente toda a renda partia de aposentadorias do INSS (ou INPS, é o novo!!!) e salários dos funcionários públicos. Hoje claramente temos o maior fluxo econômico dentre as cidades circunvizinhas, excetuando-se Itapipoca, cidade de população muito superior à nossa. É bem verdade que aqui, como em todo o resto do país, e na maior parte populacional do planeta, como nos gigantes China e Índia, que como o Brasil são os emergentes do BRICS, os serviços públicos não conseguiram ainda atender à grande demanda da população, nem qualitativamente nem quantitativamente. A situação da Saúde é a mais notória. Nesse caso, é uma questão sistemática e que se reflete nacionalmente, há anos. Mesmo assim, como num delírio utópico, criamos a cada eleição a perspectiva dos “salvadores da pátria”, numa idéia que ilude e empolga emocionalmente militâncias azuis, vermelhas, verdes, amarelas ou de qualquer outra cor; como alguém disse para mim certa vez, “Itapajé já provou de todas as tendências políticas” no controle do seu gerenciamento.
Nosso município ainda é relativamente calmo, se comparado com outras cidades de médio porte e, apesar de alguns surtos de criminalidade que, de tempos em tempos afloram, ainda existe relativa harmonia em nosso povo. Nossa classe política, apesar de ser exageradamente apaixonada em seus contínuos enfrentamentos retóricos diante dos microfones, e algumas vezes até nos tribunais, é em sua maioria elegante e não chega “às vias de fato”, como em alguns municípios vizinhos. Somos um povo reconhecidamente acolhedor - pelo menos é o que dizem todos que nos visitam. Somos também, provavelmente, a cidade do interior que possui o maior nível de tolerância religiosa em todo o Ceará e onde as religiões, mesmo com seus conceitos, preconceitos e dogmas, não se digladiam publicamente, pelo menos nos dias de hoje. Em Itapajé, enquanto a avó vai à Missa, os pais assembleianos vão para o culto e os filhos adolescentes frequentam a Nova Vida. Essa é uma básica formação de muitas de nossas famílias e assim vamos vivendo. Itapajé, com sua exuberante formação geológica, possui tantas qualidades sociais, culturais e de outras perspectivas que o dia-a-dia vai às tornando despercebidas, cotidianas, corriqueiras demais. Entretanto, qual a forma que temos visto a nossa cidadezinha? Qual tem sido o nosso olhar? Acostumamo-nos a ver somente os fatos críticos e reprováveis. Aguçamos nossa visão para a decadência de alguns aspectos e não fixamos nosso olhar para os bons acontecimentos. Caímos num ciclo vicioso, onde vemo-nos decadentes e somos decadentes porque assim nos vemos. É o complexo da águia que pensa ser uma galinha!
O QUE FALAMOS SOBRE A NOSSA CIDADE?
Independentemente de crenças ou linhas de pensamento político, passamos gradualmente a ver com naturalidade a nossa própria maledicência em relação ao lugar em que vivemos. Dizemos que “Itapajé não tem nada”, “Itapajé já foi isso e aquilo”, “o povo de Itapajé é assim e assado” e pior ainda: como não bastasse agirmos assim, muitos incitam até quem é de fora a “esculhambar” o nosso “torrão natal”. Isso já virou um mal generalizado. Diria até que esse ato de “amaldiçoar” nossa cidade se transformou com o passar do tempo em uma “potestade”, um instrumento, um poder espiritual que, apesar de nesse caso não ser usado diretamente por principados, por anjos do mal, entretanto é comunicado pelo ato da pronúncia, pelo falar e, para quem não sabe, a nossa língua carrega uma carga espiritual significante. Não é à toa que o Evangelho recomenda que nunca devamos amaldiçoar, mas sempre abençoar, até mesmo aos que nos consideram “inimigos”. Como recomenda o apóstolo São Paulo, para que tenhamos paz devemos orar pelas autoridades constituídas em nossa geração.
Saiba: o mundo é movido por ações, atitudes, atos. E saiba mais: ações de caráter humano movem o mundo, mas ações de caráter espiritual possuem um poder ainda maior! Quando você gratuitamente fala mal de algo ou alguém está, mesmo sem saber, usando do poder espiritual que há na sua língua. Da mesma forma, forças espirituais se movem quando você abençoa, quando em sinceridade você declara “que o Senhor abençoe Itapajé”, “que Deus abençoe cada uma das nossas autoridades executivas, legislativas, judiciárias, militares e religiosas!” Enfim, antes de você pensar em gratuitamente falar mal do lugar onde você mora, ou dos seus habitantes e das condições de vida desse local, abra a sua boca para abençoar! Sei que nem sempre isso é fácil e falo por experiência própria; sei que é mais comum e cômodo simplesmente indignarmos com determinadas situações e as jogarmos para quem “de direito” que, com raras exceções, são os que chamamos de autoridades.
Não quero aqui tirar de ninguém o direito de se indignar, o que é legítimo diante do nível sócio-cultural que as Democracias alcançaram. Mas pergunto-me: será que nossa cidade é tão boa, ou tão ruim, quanto pessoas com diferentes posturas dizem ser? Somos uma cidade com problemas, como qualquer outra, alguns mais outros menos. Mais isso não retira tantos outros aspectos positivos e relevantes da nossa comunidade, méritos que precisam ser celebrados e sempre trazidos à memória da nossa gente.
Itapajé, se hoje tu chegas até onde chegaste, em festa de luz se engalana, poderás ir muito mais adiante! Parabéns à minha Itajavé!
Que Deus nos abençõe!
Um forte abraço,
Cesário C N Pinto.
Itapajé - Ce, 18 de Julho de 2011, às vésperas de 20 de Julho e dos 152 anos do município.
Por natureza não sou otimista em relação aos acontecimentos da existência. Qualquer pessoa que conheça a visão cristã sobre os “dias finais” também não pode se dá ao luxo de crer que viveremos aqui em paz, harmonia e perfeita justiça. Pelo contrário. Todos os dias, enquanto o “fim se aproxima”, somos injustiçados (eu conheço bem esse sentimento) como também praticamos a injustiça contra o nosso próximo e até contra quem está mais distante de nós. Entretanto, em meio a toda essa nuvem obscura que é a existência humana na terra, também não me faço passar por pessimista gratuito, que é uma visão ainda naturalmente pior que à de quem imagina um mundo revolucionário, utópico, ou de “maravilhas”. Assim, tento ver as coisas como elas são, de forma clara, realista, sem aumentá-las ou diminuí-las; como diria o imperador romano Cláudio, citando seus conflitos com o poder: “um verdadeiro historiador se coloca sempre muito acima das perturbações políticas de seu tempo”. Quem assim não o faz (e como tem gente assim no nosso Itapas!) age tendenciosamente e incorre no erro de tentar reescrever um contexto histórico e, a esses, quase sempre não lhe sobra espaço na História.
Escrever sobre Itapajé pode render linhas que registrem muito sobre sua cultura, história e sociedade. Entretanto, quero me ater a dois aspectos bem simples e que passam quase que imperceptíveis, apesar da importância que possuem: nossas formas de VER e de FALAR sobre a nossa comunidade.
COM QUE OLHAR VEMOS A NOSSA CIDADE?
Como disse no início do texto, vejo diariamente uma imensa quantidade de construções civis sendo realizadas em Itapajé. Vejo milhares de pessoas movimentando a indústria e o comércio, que cresce numa velocidade impressionante. Há vinte anos éramos uma comunidade onde praticamente toda a renda partia de aposentadorias do INSS (ou INPS, é o novo!!!) e salários dos funcionários públicos. Hoje claramente temos o maior fluxo econômico dentre as cidades circunvizinhas, excetuando-se Itapipoca, cidade de população muito superior à nossa. É bem verdade que aqui, como em todo o resto do país, e na maior parte populacional do planeta, como nos gigantes China e Índia, que como o Brasil são os emergentes do BRICS, os serviços públicos não conseguiram ainda atender à grande demanda da população, nem qualitativamente nem quantitativamente. A situação da Saúde é a mais notória. Nesse caso, é uma questão sistemática e que se reflete nacionalmente, há anos. Mesmo assim, como num delírio utópico, criamos a cada eleição a perspectiva dos “salvadores da pátria”, numa idéia que ilude e empolga emocionalmente militâncias azuis, vermelhas, verdes, amarelas ou de qualquer outra cor; como alguém disse para mim certa vez, “Itapajé já provou de todas as tendências políticas” no controle do seu gerenciamento.
Nosso município ainda é relativamente calmo, se comparado com outras cidades de médio porte e, apesar de alguns surtos de criminalidade que, de tempos em tempos afloram, ainda existe relativa harmonia em nosso povo. Nossa classe política, apesar de ser exageradamente apaixonada em seus contínuos enfrentamentos retóricos diante dos microfones, e algumas vezes até nos tribunais, é em sua maioria elegante e não chega “às vias de fato”, como em alguns municípios vizinhos. Somos um povo reconhecidamente acolhedor - pelo menos é o que dizem todos que nos visitam. Somos também, provavelmente, a cidade do interior que possui o maior nível de tolerância religiosa em todo o Ceará e onde as religiões, mesmo com seus conceitos, preconceitos e dogmas, não se digladiam publicamente, pelo menos nos dias de hoje. Em Itapajé, enquanto a avó vai à Missa, os pais assembleianos vão para o culto e os filhos adolescentes frequentam a Nova Vida. Essa é uma básica formação de muitas de nossas famílias e assim vamos vivendo. Itapajé, com sua exuberante formação geológica, possui tantas qualidades sociais, culturais e de outras perspectivas que o dia-a-dia vai às tornando despercebidas, cotidianas, corriqueiras demais. Entretanto, qual a forma que temos visto a nossa cidadezinha? Qual tem sido o nosso olhar? Acostumamo-nos a ver somente os fatos críticos e reprováveis. Aguçamos nossa visão para a decadência de alguns aspectos e não fixamos nosso olhar para os bons acontecimentos. Caímos num ciclo vicioso, onde vemo-nos decadentes e somos decadentes porque assim nos vemos. É o complexo da águia que pensa ser uma galinha!
O QUE FALAMOS SOBRE A NOSSA CIDADE?
Independentemente de crenças ou linhas de pensamento político, passamos gradualmente a ver com naturalidade a nossa própria maledicência em relação ao lugar em que vivemos. Dizemos que “Itapajé não tem nada”, “Itapajé já foi isso e aquilo”, “o povo de Itapajé é assim e assado” e pior ainda: como não bastasse agirmos assim, muitos incitam até quem é de fora a “esculhambar” o nosso “torrão natal”. Isso já virou um mal generalizado. Diria até que esse ato de “amaldiçoar” nossa cidade se transformou com o passar do tempo em uma “potestade”, um instrumento, um poder espiritual que, apesar de nesse caso não ser usado diretamente por principados, por anjos do mal, entretanto é comunicado pelo ato da pronúncia, pelo falar e, para quem não sabe, a nossa língua carrega uma carga espiritual significante. Não é à toa que o Evangelho recomenda que nunca devamos amaldiçoar, mas sempre abençoar, até mesmo aos que nos consideram “inimigos”. Como recomenda o apóstolo São Paulo, para que tenhamos paz devemos orar pelas autoridades constituídas em nossa geração.
Saiba: o mundo é movido por ações, atitudes, atos. E saiba mais: ações de caráter humano movem o mundo, mas ações de caráter espiritual possuem um poder ainda maior! Quando você gratuitamente fala mal de algo ou alguém está, mesmo sem saber, usando do poder espiritual que há na sua língua. Da mesma forma, forças espirituais se movem quando você abençoa, quando em sinceridade você declara “que o Senhor abençoe Itapajé”, “que Deus abençoe cada uma das nossas autoridades executivas, legislativas, judiciárias, militares e religiosas!” Enfim, antes de você pensar em gratuitamente falar mal do lugar onde você mora, ou dos seus habitantes e das condições de vida desse local, abra a sua boca para abençoar! Sei que nem sempre isso é fácil e falo por experiência própria; sei que é mais comum e cômodo simplesmente indignarmos com determinadas situações e as jogarmos para quem “de direito” que, com raras exceções, são os que chamamos de autoridades.
Não quero aqui tirar de ninguém o direito de se indignar, o que é legítimo diante do nível sócio-cultural que as Democracias alcançaram. Mas pergunto-me: será que nossa cidade é tão boa, ou tão ruim, quanto pessoas com diferentes posturas dizem ser? Somos uma cidade com problemas, como qualquer outra, alguns mais outros menos. Mais isso não retira tantos outros aspectos positivos e relevantes da nossa comunidade, méritos que precisam ser celebrados e sempre trazidos à memória da nossa gente.
Itapajé, se hoje tu chegas até onde chegaste, em festa de luz se engalana, poderás ir muito mais adiante! Parabéns à minha Itajavé!
Que Deus nos abençõe!
Um forte abraço,
Cesário C N Pinto.
Itapajé - Ce, 18 de Julho de 2011, às vésperas de 20 de Julho e dos 152 anos do município.
Um comentário:
Ótimo post sobre a nossa cidade. Devemos valorizar nossa terra que possui grande valor histórico na região. Temos muito o que avançar, porém há uma nova consciência a vista. Gostei muito. Parabéns!a
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