Na manhã de 14 de dezembro de 1856, C .H. Spurgeon, pastor britânico que ficou conhecido como O Príncipe dos Pregadores, contou a seguinte história em um sermão sobre a fé:
Um americano dono de escravos, na ocasião de comprar mais um, disse ao mercador
com quem estava barganhando:
—Quais são os defeitos dele?
O vendedor respondeu:
— Que eu saiba, tem só um defeito: ele costuma orar.
— Bem — disse o comprador — eu não gosto disso, mas conheço algo que vai curá-lo rapidamente.
No dia seguinte, o escravo foi surpreendido enquanto orava com fervor em meio à plantação, intercedendo por seu patrão e sua família. O patrão ficou parado ouvindo e não disse nada no momento. Na manhã seguinte, chamou-o e disse:
— Não desejo brigar com você, mas não quero que ore na minha propriedade. Pare com isso!
— Patrão — respondeu o escravo — não consigo parar de orar. Tenho que orar sempre.
— Bem, vou lhe dar vinte e cinco chicotadas por dia até que você pare.
— Patrão, mesmo que me dê cinquenta, tenho de orar.
O patrão amarrou-o no pelourinho, deu-lhe vinte e cinco chicotadas e perguntou se iria orar de novo.
— Sim, patrão, tenho de orar sempre. Não consigo parar.
O patrão não conseguia compreender como ele podia continuar orando quando não parecia lhe fazer nenhum bem, só perseguição. Contou à sua esposa e ela lhe disse:
— Por que não pode deixar o pobre homem orar? Ele faz bem o seu trabalho; você e eu não ligamos para a oração, mas não há mal algum em deixá-lo orar se ele cumprir suas tarefas.
— Mas eu não gosto disso — disse o patrão — Ele sempre me deixa muito assustado. Você devia ver como ele olha para mim.
— Ele estava com raiva?
— Não. Eu não devia me preocupar com isso, mas depois que eu o tinha surrado, olhou para mim com lágrimas nos olhos, como se tivesse mais pena de mim do que de si mesmo.
Naquela noite o patrão não conseguiu dormir. Ele rolava na cama de um lado para outro; seus pecados lhe foram trazidos à memória e ele se conscientizou de que tinha perseguido um homem de Deus. Sentando-se na cama, ele disse à sua esposa:
— Mulher, você poderia orar por mim?
— Eu nunca orei em toda a minha vida. Eu não sei de ninguém aqui na propriedade que saiba orar, a não ser Cuffey, o novo escravo — disse sua esposa. Fizeram soar a campainha, e Cuffey foi trazido. Tomando a mão de seu servo, o patrão disse:
— Cuffey, você pode orar por seu patrão?
— Patrão, estou orando desde que me chicoteou e pretendo orar sempre pelo senhor.
Cuffey caiu de joelhos e derramou sua alma em lágrimas e ambos, marido e esposa, foram convertidos. Aquele homem não poderia ter feito isto sem fé. Sem fé ele teria parado de orar na mesma hora, dizendo:
— Patrão, vou parar de orar; não quero mais ser chicoteado.
Fanzine Abril 2012 da Revista Portas Abertas.
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