Já escrevi em outro artigo, sobre a tendência que as sociedades humanas possuem, de em determinados períodos de sua história, dar maior ênfase a determinadas “transgressões” e desvios de conduta em detrimento de outros.
Quem não se lembra dos tempos nos o quais divórcio e desquite eram palavras proscritas no vocabulário de gente decente? Hoje já não causa espanto. Recordo-me que quando criança, dizer que alguém era “maconheiro” se tratava uma das mais horrendas coisas que se podia nomear, e hoje em dia isso quase virou o equivalente a ser fumante de cigarro.
Jacques Le Goff, um dos maiores medievalistas, mostra em sua obra que naqueles tempos, a “usura” era o pior dos pecados capitais! A coisa era tão séria que a mulher do usurário poderia abandoná-lo ou após a morte dele, tinha de dar praticamente tudo que possuía para a Igreja a fim de “pagar suas dívidas”.
E assim a Igreja dominante ia manipulando a consciência das pessoas, de acordo com suas conveniências, usando um ou outro texto das Escrituras, alegando a “piedade”, quando o interesse todo era puramente econômico!
Jeremias Capítulo 7, versos 1 a 8.
7.1 Palavra que da parte do SENHOR foi dita a Jeremias:
7.2 Põe-te à porta da Casa do SENHOR, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do SENHOR, todos de Judá, vós, os que entrais por estas portas, para adorardes ao SENHOR.
7.3 Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Emendai os vossos caminhos e as vossas obras, e eu vos farei habitar neste lugar.
7.4 Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este.
7.5 Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras, se deveras praticardes a justiça, cada um com o seu próximo
7.6 se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal,
7.7 eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre
7.8 Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam.
No texto acima, o profeta Jeremias relata a religiosidade do povo, sobretudo aquela que gira em torno de Templos, demonstrando que de nada adianta, se o coração e a vida não estiverem em harmonia com a vontade de Deus. Eles estavam pecando, transgredindo feio aos olhos do Senhor, e 5 coisas são elencadas:
1 . Não estavam tratando bem, sendo generosos com os estrangeiros. Tratavam a terra e o espaço físico que Deus lhe dera com egoísmo, negando acolhimento aos migrantes. Vejam que isso está diariamente na televisão e é matéria do dia!
2 . Não estavam tratando com carinho os órfãos, aqueles que tinham perdido seus pais.
3. Não tinham zelo e cuidado para com as viúvas, aquelas que estavam desamparadas socialmente. Lembrem-se do zelo da Igreja primitiva quanto a essa questão, conforme lemos no livro de Atos dos Apóstolos.
4. Não estavam tratando do grave problema da criminalidade, do derramamento de sangue inocente! Extremamente atual e pertinente não é mesmo? E quais campanhas e cruzadas as Igrejas fazem sobre isso?
5. E, finalmente, estavam mais voltados para outros deuses (e aqui em nosso contexto atual pode ser moda, tecnologia, culto à beleza física, etc.).
Vejam então que nossa própria consciência pode estar sofrendo dessa tendência a sermos duros na condenação de certos “pecados” ou desvios de conduta, enquanto não despertamos para a gravidade de outros problemas sociais de grande relevância!
Curioso é que não vemos pregações e ações sociais da Igreja nesse sentido.
E a mensagem divina é clara: estão se enganando aqueles que vivem nos “Templos do Senhor”, e descuidam dessa sensibilidade para com problemas gritantes e terríveis injustiças sociais com as quais já aprendemos a conviver com elas na mais completa passividade.
Pastor Darckson Lira.
Fonte: Blog Darckson Lira
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