Samuel Lamb (ou Lin Xingiao, em chinês) nasceu em 1924, de pais cristãos
chineses, em uma área montanhosa com vista para Macau, na costa sul da China
continental. Seu pai pastoreava uma pequena Igreja Batista; logo, Lamb foi criado
como cristão. Iniciou suas pregações quando tinha 19 anos.
Em 1955 ele foi preso pela primeira vez; sua sentença durou quase
dezoito meses. Em 1958, ele foi novamente preso e acabou atrás das grades por
vinte anos. O governo costumava proibir líderes cristãos de pregar sobre a segunda
vinda de Cristo e ensinar menores de dezoito anos de idade. A teologia de Lamb desafiou o governo e os participantes de sua igreja,
bem como outros Cristãos dentro e fora da China. Ele ensinou que os cristãos devem obedecer ao governo, a menos que os
líderes se opusessem diretamente a Deus com a aplicação de sua lei. "As
leis de Deus são mais importantes que as leis dos homens", ele
costumava dizer.
O pastor Samuel Lamb viu sua esposa pela última vez durante
os cinco meses em que esteve em prisão preventiva; ela morreu em 1977, um ano
antes do término da sentença dele. Após
a sua libertação, ele retomou seu trabalho como pastor, durante o qual ele foi
capaz de testemunhar o crescimento exponencial da Igreja Chinesa. Em
1979, ele começou sua igreja nos lares em 35 Da Ma Zhan, em Guangzhou. A
frequência cresceu rapidamente e ele teve que mudar sua congregação para um
prédio maior, na mesma cidade. Hoje sua igreja nos lares urbana ainda não é
registrada, mas tolerada pelas autoridades.
O sofrimento desempenhou um papel importante em muitos dos sermões de
Lamb. Ele era famoso por repetir: "Mais perseguição, mais
crescimento". Essa frase não tinha apenas a ver com o número de
crentes, mas também com o crescimento espiritual. Sobre ela ele explicou certa
vez: “Antes de ser preso, em 1955, a igreja
possuía 400 membros. Quando fui solto, em 1978, a membresia aumentou para 900
em questão de semanas. Então, em 1990, quando tudo foi confiscado e a igreja
foi fechada, quando reabrimos, algum tempo depois, estávamos como 2 mil
membros. Mais perseguição, mais crescimento. Essa é a história da Igreja na
China.”
Lamb viu que a China mudou nas últimas décadas e que aos cristãos foi
concedida mais liberdade. Ele ainda queria ter certeza que os cristãos não
assumiriam facilmente que nada vai acontecer com eles. Apesar de sua
congregação ainda ser ilegal, ela não foi invadida por anos, mas ele sempre se
manteve cauteloso sobre o governo. Ele sempre avisou: "Temos de estar preparados para sofrer.
Devemos estar preparados para o fato de que podemos ser presos. Antes de ser
enviado para a prisão já preparei uma mala com algumas roupas, sapatos e
uma escova de dentes. Quando eu tinha que ir para a delegacia de polícia, eu
poderia simplesmente buscá-la. Eu estava pronto. As pessoas ainda estão sendo
presas. Você não sabe o que vai acontecer amanhã. Hoje, as autoridades não
estão nos incomodando, mas amanhã as coisas podem ser diferentes. Oro para que
recebam a força para se manter firme."
Para chegar à igreja do Pastor Lamb, em Guangzhou hoje, você tem que
ziguezaguear pelas ruas estreitas da cidade. Não é uma igreja isolada, mas
simplesmente um bloco de casas de três andares. Em um bloco vizinho, mais dois
andares também servem como parte da igreja. Sua memória costumava ocasionalmente deixá-lo para baixo, mas com um
largo sorriso no rosto, ele recebia regularmente os visitantes internacionais à
sua igreja nos lares: viajantes, jornalistas, cônsules e outras pessoas de alto
escalão.
O pastor Samuel Lamb, viveu até
seus 88 anos, tendo falecido em três de agosto de 2013. Era ainda líder e pastor da sua igreja doméstica, dando estudos bíblicos
todos os domingos. Seu sorriso brilhava em seu pequeno corpo, que sofria de uma
deficiência crônica resultante dos 23 anos de prisão. “Deus me dá a força que
eu preciso”, diz ele. Ele nunca saiu da China, temendo que, se viajasse, as
autoridades não o deixassem voltar. Aprofundou seu ministério e mostrou que
Deus foi mais glorificado por meio de sua doença e pobreza do que através da
saúde e da riqueza. Os cristãos viajavam milhares de quilômetros para conversar
sobre ministério com o pastor Samuel. Sua igreja em Guangzhou, na China, reunia
cerca de 4 mil membros a cada semana.
Sua morte deixa uma lacuna na Igreja Chinesa.
Juntamente com outras figuras de renome como Wang Mindao e Allen Yuan, ele
simbolizava a bravura de uma Igreja que cresceu a uma velocidade sem
precedentes na história mundial.
Fontes: