"O rápido sucesso de Lutero não pode ser explicado senão pelo encontro entre a consciência de um homem e a consciência de um povo. A questão, então, se torna política e eclesial."
Reforma (1517-2017): os 500 anos depois de Lutero.
Entrevista com Bernard Sesboüé.
Bernard Sesboüé é um teólogo jesuíta universalmente conhecido. Escritor prolífico, é um profundo conhecedor da história da teologia católica e um apaixonado estudioso da Reforma Protestante, da qual, em 2017, serão lembrados os 500 anos do início. A reportagem é de Francesco Strazzari, publicada por Settimana News, em 29 de abril de 2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto, reproduzida no site da universidade jesuíta Unisinos.
Padre Sesboué, o que aconteceu em 1517? Essa data ainda nos diz respeito hoje?
Tomemos os eventos assim como se desdobraram e tentemos captar o seu porte histórico. Perguntemo-nos: como era a Igreja Católica no início do século XVI? Estava em um estado lamentável, tanto que se falava, há muito tempo, da necessidade de uma reforma, que continuava encalhando. Alguns anos antes, em 1510, o Concílio de Latrão V tinha concluído sem ter produzido nada de sério. Mas, do ponto de vista romano, o Concílio estava feito, e não era exatamente o caso de recomeçar. Os abusos eram numerosos e evidentes: corrupção, imoralidade do clero, de onde veio o provérbio napolitano: "Se você quer ir ao inferno, seja padre!", hierarquia episcopal e romana muito pouco edificante etc.